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Revista da CAASP - Edição 03

Em liberdade condicional, viu a clientela desaparecer e as finanças depauperarem-se. Iniciou uma luta incansável para provar sua inocência. E conseguiu. “Em determinado momento, pedi a uma colega que fosse ao Fórum da Justiça Estadual e verificasse se o processo estava por lá. E estava! Acompanhado de despacho de encaminhamento da Justiça Federal para a Estadual”, relata, revivendo a indignação que o acometeu à época diante da imperdoável falha judicial. Desde então, Jasminor briga para ser indenizado por dano moral. Ele pleiteia R$ 350 mil e acredita que seus três filhos e a neta poderão, um dia, desfrutar desse dinheiro. O processo corre na Justiça há oito anos. // Saúde comprometida Impossível que tal jornada não lhe trouxesse consequências à saúde. Ainda em 1998, aos 62 anos, um grave quadro de insuficiência coronária rendeu-lhe quatro pontes de safena. Mesmo com a locomoção comprometida pelos problemas cardiovasculares, uma vez provada sua inocência Jasminor recomeçou a carreira, dessa vez na Central Geral dos Mutuários. O avanço da idade, contudo, lhe traria mais complicações - hipertensão, diabete, catarata e perda de 80% da audição. Em 2005, aos 70 anos, com a esposa, Maria de Lurdes, também doente e precisando dele a seu lado, Jasminor não tinha mais condições de trabalhar. “A gente sabe quando é hora de parar”, diz. Contando apenas com os parcos recursos do INSS, ele procurou a CAASP, de que até hoje recebe benefício mensal em dinheiro, cartão-alimentação, auxílio odontológico e medicamentos. Sem convênio médico, ele utiliza a rede pública de saúde e a rede referenciada da Caixa de Assistência. “Os recursos da Caixa de Assistência ajudam a cobrir nossas despesas. É possível ficar um pouco mais aliviado”, agradece. A participação da CAASP na vida do casal Jasminor e Maria de Lurdes é indispensável. Seus filhos seguem na vida pelos próprios meios, mas não têm condições de ajudá-los significativamente. As aposentadorias de ambos não são suficientes para pagar as contas. “Quisera todos os profissionais contassem com organizações como a OAB-SP e a CAASP a zelar por seus interesses, como essas entidades zelaram e zelam pelos meus”, ressalta, estendendo o elogio AASP (Associação dos Advogados de São Paulo), que lhe cede uma sala para, ainda hoje, atender alguns clientes antigos. É isso mesmo: Jasminor nunca abandonou por completo a advocacia. Fevereiro 2013 / Revista da CAASP // 47 Com Maria de Lurdes: “A gente sabe a hora de parar”


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