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Revista da CAASP - Edição 03

\\ PERFIL 46 // Revista da CAASP / Fevereiro 2013 Quando um erro judicial ceifa uma carreira Jasminor Mariano Teixeira lembra-se bem do dia em que resolveu ser advogado. “Meu pai me levou para conhecer um amigo dele, Carlos Fulgêncio da Cunha, que havia se tornado desembargador no Rio de Janeiro. O Carlos foi muito cordial comigo e, assim que eu saí de seu escritório, tive certeza do que queria. Virei para meu pai e disse: ‘Quero ser advogado’”. Tal firmeza é rara em meninos de cinco anos, mas a criança não podia imaginar o quão árduo seria o caminho até a advocacia e que, mesmo depois de alcançado o objetivo, o destino lhe reservaria momentos tão difíceis. Mais velho dentre cinco irmãos, Jasminor nasceu numa fazenda em Araxá, Minas Gerais, a 374 quilômetros de Belo Horizonte. Estudar na região era difícil, havia pouquíssimas escolas de boa qualidade. Por essa razão, ele viajaria para concluir em São Paulo o equivalente ao ensino médio. Depois, voltaria para a cidade natal, onde se casaria e teria três filhos. Jasminor retornaria a São Paulo, dessa vez acompanhado da família, em busca da sonhada faculdade de Direito. Recomeçou a vida na capital paulista trabalhando em um armazém de cereais. Conseguiu ingressar no curso de Direito da FMU e, mesmo antes de se formar, alugou um imóvel e montou um escritório de advocacia, cujas causas eram conduzidas por dois amigos já advogados. Em 1975, formou–se em Direito e em pouco tempo obteve a Carteira da Ordem. A partir de então, deslanchou na profissão. Militante na área do Direito Imobiliário, chegou a ser presidente da Associação dos Mutuários de São Paulo. No auge da carreira, após duas décadas de advocacia, sofreria um duro golpe. Em 1997 a Justiça Federal acusou-o de extraviar um processo sobre correção de valores de um imóvel. Ele defendeu-se afirmando peremptoriamente que tal processo estava em poder da própria Justiça Federal. Julgado em 1999, foi considerado culpado. Condenado, deveria cumprir pena de dois anos de prisão. Desesperado, Jasminor recorreu à OAB-SP, que lhe conseguiu um habeas corpus. Fotos Karol Pinheiro Jasminor: duro golpe da Justiça Federal


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