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Revista da CAASP - Edição 03

em segredo de justiça. Nesse ponto, Milagre alerta: “O advogado não deve definir segredo de justiça para qualquer ação, pois ele corre o risco até de tomar uma litigância. O segredo de justiça é para casos específicos, não para qualquer ação.” No dia 14 de dezembro, um advogado ingressou com ação no Fórum João Mendes para obrigar uma empresa de plano de saúde a realizar uma cirurgia para a correção de apneia obstrutiva do sono severa. No dia 15 de janeiro, dez dias úteis depois, o juiz Christopher Alexander Roisin proferiu a sentença, que determina ao hospital conveniado que faça a operação. O Tribunal de Justiça de São Paulo avalia que, num processo físico, essa decisão demoraria em torno de quatro meses. “É impressionante, sem dúvida”, afirma o advogado Luiz Dellore, professor de Direito Processual Civil do Mackenzie. Apesar das vantagens, o processo eletrônico ainda provoca insegurança, principalmente para quem acompanha as mudanças não muito de perto. Jezieli de Jesus Oliveira, que disputa a guarda de uma filha com o pai da criança, teme que o processo digital fique vulnerável à ação de hackers. “Quem cuida da ação é meu advogado, mas eu fico preocupada: e se um hacker invadir o sistema?”, indaga. O risco é o mesmo de um incêndio no cartório ou do furto de um processo. A solução é a mesma: reconstituir o processo a partir das cópias em poder dos advogados. E essas cópias continuarão existindo, não na forma antiga do papel, mas em computadores, pen drives ou arquivos digitais, com o respectivo protocolo e assinatura eletrônicos. Na era digital, o perfil do escritório começa a mudar. Nada substituirá a advocacia como ciência, técnica e arte. Mas o meio exigirá novas habilidades do profissional. Se não pessoalmente, mediante profissionais terceirizados. O advogado Osmar Justino dos Reis já se antecipou. Hoje mantém um site em que os clientes podem acompanhar o andamento dos processos, com a leitura de peças na íntegra. Também desenvolveu programas para buscar jurisprudência e decisões relativas às ações em curso. Por isso, ele contratou um profissional de Tecnologia de Informação, que lhe dará consultoria seis horas por semana. “Com a economia de tempo e de deslocamento, eu pago esse profissional e dou ao meu escritório agilidade e ao meu cliente, segurança”, destaca. Nesse novo momento do Judiciário, Osmar entendeu que a hora é de trocar a pasta pelo notebook e, no lugar de ruas congestionadas, trafegar por avenidas eletrônicas, invisíveis aos olhos, mas com resultados bem concretos. Fevereiro 2013 / Revista da CAASP // 45


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