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Revista da CAASP - Edição 03

SAÚDE \\ Hepatite C, doença silenciosa que pode levar à morte Uma pesquisa do instituto Datafolha divulgada no fim de 2011 revelou um dado alarmante: metade da população brasileira (51%) não sabe exatamente o que vem a ser a hepatite C, apesar de reconhecê-la como doença grave. Enquanto a patologia permanece obscura para a população, avançam os números de infectados e mortos em decorrência dela. Pelo menos 1,5 milhão de brasileiros estão contaminados pelo HCV, vírus causador da doença. Segundo o Ministério da Saúde, 70% das mortes por hepatite são de pessoas que sofrem do tipo C da doença. Estima-se que no mundo existam 150 milhões de pessoas com hepatite C crônica. A cada ano, 4 milhões de indivíduos são infectados por esta doença grave e silenciosa, que pode permanecer oculta no organismo por mais de 20 anos até que provoque cirrose hepática ou câncer de fígado. A pesquisa do Datafolha ouviu 1.137 pessoas em 11 cidades (São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte, Distrito Federal, Recife, Curitiba, Manaus, Belém e Campinas) e constatou que há entre a população brasileira uma grande confusão de informações. Equivocadamente, 25% dos entrevistados disseram saber da existência uma vacina contra a hepatite C e 7% deles afirmaram ter sido imunizados. Ocorre que só existem vacinas contra as hepatites A e B. “É preciso facilitar o acesso às informações fundamentais e dá-las de forma correta à população. As campanhas de conscientização ainda não conseguiram fazer isso de forma objetiva ou, se o fizeram, ainda não é possível avaliar o impacto”, observa o gastroenterologista Roberto José de Carvalho Filho, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Mas, afinal, que tipo de doença é a hepatite C? “Trata-se de uma infecção causada por um vírus e que afeta o fígado. Sua progressão é lenta, por isso um portador pode conviver décadas com a infecção sem ter um sintoma específico que indique que ele está doente”, explica Carvalho Filho. Segundo o especialista, cerca de 25% dos portadores do vírus da hepatite C conseguem expulsar a infecção do organismo sem a necessidade de tratamento médico, outros 75% têm seus casos evoluídos para uma fase crônica, com risco de avanço para quadros de cirrose ou câncer de fígado. O percentual é preocupante: a hepatite B, por exemplo, apresenta 95% de cura antes de atingir a fase crônica. “Como a grande maioria dos casos evolui para a fase crônica, é importante identificar a infecção em sua fase aguda para evitar que haja progresso”, alerta o especialista. Se tratada nos estágios iniciais, a hepatite C é curável. 34 // Revista da CAASP / Fevereiro 2013 Reportagem de Karol Pinheiro


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