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Revista da CAASP - Edição 01

\\ PERFIL 40 // Revista da CAASP / Setembro 2012 Direito, um sonho de 26 anos “PPoucos acreditavam que eu fosse conseguir. Mas, além da minha própria vontade, havia o desafio imposto pela família, que me incentivou e não me deixou desistir”, revela Diogo Martim, ao lembrar-se da reação dos seus familiares quando decidiu voltar à universidade. Já formado em contabilidade, ele alimentava desde 1950 o sonho de estudar Direito. Fez cursinho pré-vestibular e ingressou na Universidade Presbiteriana Mackenzie logo na primeira tentativa, em 1976. Sem condições de pagar a mensalidade e ao mesmo tempo sustentar mulher, sogra e três filhos adolescentes, Martim pleiteou um crédito universitário e o obteve, conseguindo assim cursar a faculdade de Direito. Tinha, então, 50 anos. Dividindo-se entre o trabalho na serralheria que montara com seus dois irmãos, os estudos e a família, conseguiu formar-se em 1980. Depois de ser aprovado no Exame de Ordem, abandonou a serralheria e começou a advogar. As lembranças desse tempo estão vivas em sua memória, nenhum detalhe se apagou. Mas a euforia do ingresso na profissão arrefeceu em 1986. A vida começou a mudar com a morte da esposa, Maria, durante uma cirurgia para retirada do útero, em decorrência de erro médico. Martim foi dominado pela depressão e passou dois anos recluso. Aos poucos, contudo, foi retomando o trabalho, até que em 1997 a próstata começou a lhe causar problemas. Primeiro um inchaço extremo do órgão, depois o diagnóstico de um câncer e uma série de consequências que não lhe deram mais sossego e lhe roubaram as condições de trabalhar. Bem que ele tentou, mas problemas recorrentes o sufocavam, dores e sangramentos surgiam de repente. Vencido o câncer, restou-lhe um urotelioma vesical, responsável por persistentes entupimentos da uretra e outras complicações renais. Com a saúde debilitada em razão dos problemas urológicos e a capacidade de trabalho comprometida, Diogo viu suas finanças desabarem. Os remédios eram muitos – e caros – e ele teve de passar por diversas cirurgias de raspagem da próstata, que não parava de crescer. Aposentado Karol Pinheiro


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