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Revista da CAASP - Edição 01

O grau de satisfação dos clientes incomoda a concorrência. Há dois anos, a Renault brasileira decidiu provocar a Toyota. Colocou na internet a publicidade de seu carro Fluence, em que aparecia a foto do veículo e de outro, em chamas, sugerindo que o comprador queimasse o carro antigo, caso não soubesse o que fazer com ele. O carro incendiado era o Corolla. Na mesma época, a Toyota estava realizando um recall em uma série que apresentou um pequeno problema no sistema de partida a frio. Em tese, poderia provocar incêndio, o que efetivamente nunca aconteceu. A agressividade da Renault não produziu efeito. No período em que a publicidade se manteve na rede, o Corolla vendeu 2.332 unidades no Brasil contra 585 do Renault Fluence. Em outro episódio, o golpe foi mais duro. Na mesma época, o Ministério Público de Minas Gerais foi à Justiça pedir a proibição da venda do Corolla no Estado. Tudo porque o Procon de Minas Gerais havia recebido oito reclamações de que o novo Corolla apresentava um problema de aceleração. Sem que o motorista pisasse no pedal, o carro acelerava. Não houve nenhum acidente, mas a Toyota admitiu que o tapete do carro, que não era original, poderia, sim, prender o acelerador e provocar o aumento de velocidade. O caso teve repercussão internacional, houve mudanças na diretoria da Toyota e um recall mundial, o maior já realizado. Na internet, onde a indústria automobilística trava uma guerra de guerrilhas, comentários postados em sites de notícias se dividiram. Parte atacava o Corolla, parte o defendia, lembrando que Minas Gerais é o Estado onde a Fiat tem grandes investimentos. Consumidores saíram em defesa do Corolla como torcedores de futebol. “Só quem tem para saber o prazer de dirigir”, escreveu uma mulher na seção de comentários de um site. Outra rebateu: “Eu sou a infeliz proprietária de um Corolla automático.” Brigas desse tipo parecem fruto do trabalho de assessorias de comunicação com um único objetivo: desconstruir a imagem do carro líder de mercado – tarefa difícil, pois o Corolla tem um conceito positivo consolidado. Em Minas Gerais, a Toyota venceu a disputa na Justiça, e as vendas do Corolla se mantiveram nos mesmos níveis. Setembro 2012 / Revista da CAASP // 39


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