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Revista da CAASP - Edição 01

Setembro 2012 / Revista da CAASP // 35 // Brasil deixou de ser referência? A atual postura do Brasil quanto ao combate à Aids está sendo criticada. Durante a XIX Conferência Internacional de Aids, realizada em Washington de 22 a 27 de julho último, pesquisadores acusaram o país de viver da fama do passado e, por isso, retroceder no controle da doença. O diretor do Departamento de DST/Aids do Ministério da Saúde, Dirceu Greco, classificou as críticas como “pesadas”. Esper Kallás concorda que o Brasil acomodou-se: “É necessário que o país reencontre a ousadia para buscar novos mecanismos de prevenção à Aids, explorá-los, validá-los e implementá-los como medidas de saúde pública. É inválido dizer que não temos uma saúde pública capaz de absorver novas formas de tratamento e prevenção. Se houver dúvidas de nossa capacidade, basta olhar para o passado”. O Brasil foi exemplo mundial na luta contra a Aids, e talvez ainda o seja. Quando, em 1996, nenhum país em desenvolvimento havia tomado medida semelhante, o Brasil tornou-se o primeiro a oferecer uma terapia pública a todos que portassem o HIV. Entre outras medidas, promoveu a produção nacional de preservativos, negociou reduções de preço com as multinacionais fabricantes de antirretrovirais e chegou a quebrar patentes para garantir preços acessíveis. Apesar das acusações durante a Conferência de Washington, um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado dias antes mostrou aumento de 15% nos investimentos dos países em desenvolvimento no combate à Aids a partir de 2008, Brasil inclusive. No ano passado, os países de baixa e média rendas investiram US$ 8,6 bilhões, contra US$ 8,2 bilhões nos anos anteriores. Os gastos nacionais públicos dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) acrescidos da África do Sul nesse campo aumentaram em mais de 120%. Ainda assim, a ONU avalia que para atingir a meta de cobertura universal de tratamento, até 2015, será preciso compensar um déficit anual de US$ 7 bilhões.


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