Page 34

Revista da CAASP - Edição 01

SAÚDE \\ // Células-tronco podem ser a solução O caso do americano Timothy Ray Brown pode guardar a chave para a derrota do vírus. Timothy, que além de portar HIV sofria de leucemia, foi submetido a um transplante de medula óssea em 2007. Depois disso tornou-se resistente ao vírus mesmo sem tomar antirretrovirais. Seu caso está em análise. Transplante de medula livrou Timothy Ray Brown do HIV Mais recentemente, durante a XIX Conferência Internacional de Aids, realizada no último mês de julho em Washington (leia box), apresentou-se um estudo, ainda em curso, o qual tenta demonstrar que indivíduos podem se livrar do HIV após transplante de medula óssea. Portadores do vírus da Aids durante anos, dois homens haviam se submetido a tratamento antirretroviral que impediu a propagação do HIV, mas até o transplante ainda portavam o vírus em sua forma latente. Depois da operação, as células dos doadores foram substituindo as dos receptores e o HIV desapareceu em ambos os casos. “Acreditamos que a administração contínua de antirretrovirais, que protege as células da doadora de se infectar pelo HIV, é efetiva para eliminar o vírus do paciente receptor”, indicaram os especialistas liderados por Daniel Kuritzkes, do Hospital de Mulheres de Brigham, nos Estados Unidos. Seriam os transplantes de medula óssea a estratégia ofensiva a ser posta em prática para derrotar o HIV? Segundo Esper Kallás, as células-tronco são uma excelente ferramenta para que se compreendam os mecanismos de eliminação do vírus, mas ainda são inviáveis como método de cura para a Aids. Os índices de mortalidade e de intercorrência com outras doenças ainda são altos nesse tipo de procedimento. “O caso de Timothy Brown é excepcional. Já o apresentado na conferência sequer foi publicado com maiores detalhes. É muito cedo para falar no sucesso desses pacientes, até porque eles continuam tomando os antirretrovirais”, pondera o infectologista da USP. O Grupo de Trabalho Internacional para a Cura do HIV lançou durante a XIX Conferência sua proposta para a definição de etapas até que se alcance a cura da Aids. Os pesquisadores buscarão uma reação semelhante à obtida pelo tratamento de Timothy Ray Brown. Eles pretendem também encontrar uma forma mais barata e fácil de replicar o resultado. Equipes específicas tentarão determinar por que alguns pacientes desenvolvem anticorpos contra o vírus, outros não. “É extremamente difícil para a ciência trabalhar com prazos. A descoberta da cura da Aids é uma questão de tempo, só não podemos dizer quanto tempo”, finaliza Kallás. 34 // Revista da CAASP / Setembro 2012


Revista da CAASP - Edição 01
To see the actual publication please follow the link above