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Revista da CAASP - Edição 01

EENNTTRREEVVIISSTTAA \\ Eu sou defensor de que o Supremo faça política, sim. Não política partidária, não política sectária, mas a política aristotélica do bom governo. Ele é um Poder do Estado, e, sendo-o, tem de ser harmônico com o Executivo e o Legislativo. Todos os três têm que fazer política. A súmula vinculante poderia dar a falsa impressão de que o Supremo estaria legislando, porque se ela interferir numa lei, na verdade, prevalece a súmula. Por isso eu fui contra a súmula vinculante. Mas, de qualquer modo, eu acho que é função do Supremo e dos seus ministros ficarem atentos ao fato de que suas decisões têm repercussão nacional. Sou a favor de que o STF faça política, sim. Mas não política partidária “ “ O Brasil vive um momento de busca por transparência, do que ninguém discorda. Mas qual o limite entre a transparência e a bisbilhotice? A transparência tem de ser no interesse público, nada de entrar na vida pessoal de ninguém, na vida privada. Quando há algo de interesse público, acho que tem de haver transparência, sim. Em determinados locais, paga-se a um magistrado valores que nem um craque de futebol ganha. Então, há algo errado. De que tipo de reforma o Judiciário precisa? O grande problema do Judiciário é realmente a lentidão, a morosidade. Eu já escrevi que o que falta no Judiciário é gestão. E é simples entender isso. Você vai a uma grande empresa, que tenha mil funcionários, que tenha filiais, em geral você não põe o dono para administrar. Então ele compõe uma equipe de administradores que são do ramo, que sabem como cuidar do empregado, que sabem dizer onde deve ser instalada uma filial. O Poder Judiciário é como uma grande empresa, uma das maiores deste país. Só o Tribunal de Justiça de São Paulo tem mais de 300 desembargadores, mais de 2 mil juízes, centenas de comarcas. E quem administra isso? Um presidente que é eleito. Qual é a noção que ele tem de administração? Ele pode ser o maior juiz do mundo, a pessoa mais inteligente do mundo, mas isso não garante que saiba administrar. 20 // Revista da CAASP / Setembro 2012


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