
Laura Carvalho é a mais estridente das
vozes econômicas daquela que ainda se pode
chamar de esquerda brasileira. Professora da
Faculdade de Economia e Administração da
USP e colunista do jornal Folha de S. Paulo,
ela costuma protagonizar debates no Brasil
e no Exterior com antagonistas do peso de
Samuel Pessôa (outro entrevistado desta
edição) e Mônica De Bolle.
Desnecessário dizer que Laura é uma ácida
crítica do modelo econômico posto em prática
pelo Governo Temer, cujas incongruências
podem ser assim resumidas, nas palavras
dela:
“Eles não fizeram uma política que visasse
distribuir a renda como forma de gerar
consumo. Por outro lado, ao perceber esses
sinais fracos e a falta de indicadores para
mostrar do ponto de vista do nível real da
recuperação, eles começaram a tomar umas
medidas temporárias, que não têm impacto
permanente, como aquela do saque das
contas inativas do FGTS e o saque do PIS-Pasep.
São medidas pró-consumo, mas que
não envolvem ganho de renda e emprego,
que seriam as medidas mais sustentáveis”.
Na entrevista a seguir, concedida
ao editor da Revista da CAASP, Paulo
Henrique Arantes, e à repórter Karol
Pinheiro, Laura Carvalho aborda, com
a contundência que a caracteriza, temas
como globalização, desigualdade, reforma
tributária, desindustrialização e pensamento
econômico. “O tema da desigualdade, tão
atual, não estava presente no embate Keynes
versus Hayek”, diz. Confira a seguir.
REVISTA DA CAASP 9 ENTREVISTA | LAURA CARVALHO
O QUE SE VÊ
ATUALMENTE SÃO
FRUSTRAÇÕES
SUCESSIVAS DE
EXPECTATIVAS.