Page 54

Revista 25 --

54 REVISTA DA CAASP Consta que Raduan Nassar, ao saber de sua escolha para o Prêmio Camões 2016, com a ironia que lhe é peculiar, teria dito à reportagem de um grande jornal que o procurou para entrevistá-lo: “Não entendi este prêmio. Minha obra é um livro e meio!” Dito o quê, declinou do convite para a entrevista. A atribuição a ele desta láurea, que além de muitíssimo prestigiosa confere ao vencedor substancial prêmio pecuniário – 100 mil euros –, confirma que nas artes o que vale é a qualidade. Assim, com dois livros publicados na década de 1970, e tendo depois disto abandonado a literatura, Raduan Nassar tornou-se o décimo segundo brasileiro a vencer o Prêmio Camões, ao lado de João Cabral de Melo Neto, Rachel de Queiroz, Antonio Cândido de Melo e Souza, Lygia Fagundes Telles, Rubem Fonseca, João Ubaldo Ribeiro, entre outros. Os dois livros fundamentais de Raduan Nassar são o romance Lavoura Arcaica e a novela Um copo de cólera, publicados respectivamente em 1975 e 1977. Em 1997, já afastado da literatura há vinte anos, publicou Menina a Caminho e outros textos, reunindo contos anteriormente impressos em revistas e jornais. A ironia do escritor ao referir-se à sua “minguada” obra, por diversas vezes, composta por não mais do “um livro e meio”, explica-se: a novela Um copo de cólera tem pouco mais de 80 páginas – seria este o seu “meio livro”; o romance Lavoura Arcaica não chega a 200 páginas. LITERATURA Divulgação Nassar: “Não há criação artística ou literaria que se compare a uma criação de galinhas”.


Revista 25 --
To see the actual publication please follow the link above