cidadãos escuros na escuridão da noite que antecedeu o pleito.” Antonio Lúcio narra outros episódios de preconceito e racismo na política, alguns presenciados por ele, como a manifestação de correligionários de Paulo Maluf que rejeitavam a possibilidade de indicação do negro Celso Pitta como candidato a sua sucessão. Segundo Antonio Lúcio contou em palestra na Câmara dos Deputados, secretários de Maluf que queriam a indicação disseram que seria “impossível São Paulo ter um Kunta Kintê disputando as eleições ou que Maluf jamais ofenderia a cidade escolhendo um negro para ser o seu candidato nas eleições de 1996.” Deu Pitta, mas o governo dele quase não terminou, com um dilúvio de críticas e denúncias que, para o jornalista, se deve, em grande parte, à rejeição de seu governo por ser comandado por um negro. O próprio Pitta chegou a falar sobre o tema: “Se cometi algum equívoco foi aceitar ser candidato pensando que uma pessoa negra REVISTA DA CAASP 29 e humilde, fosse ser aceita pelas elites com tranquilidade. Equivoquei-me.” O sociólogo Mauro Justino estudou o governo Pitta como fenômeno racial, em sua tese de doutorado defendida na PUC do Rio de Janeiro. Em resumo, ele diz que a sociedade aceita bem o negro no espaço social que historicamente lhe foi definido, como a música e os esportes. A coisa se complica quando o homem ou a mulher negra passa a ocupar espaços anteriormente reservados à elite branca, o que fez Celso Pitta. O cientista político Clóves Luiz Pereira de Oliveira, autor da pesquisa Os Negros e o Poder no Brasil, confirma o que diz o reitor José Vicente: faltam estudos sobre o comportamento político do eleitor negro no Brasil. Por isso, é difícil entender por que a vereadora que, em 2003, criou o feriado da Consciência Negra em São Paulo, a sindicalista Claudete Souza, que é negra, se reelegeu uma vez e perdeu as duas eleições seguintes. Atualmente, ela está sem mandato. *Colaborou Karol Pinheiro Conte os negros na Câmara dos Deputados.
Revista 25 --
To see the actual publication please follow the link above