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Revista da CAASP - Edição 24

70 REVISTA DA CAASP Rubem Fonseca, um dos grandes mestres da literatura brasileira contemporânea, hoje com 91 anos, é mineiro de Juiz de Fora, formou-se na Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro, porém jamais advogou. Exerceu muitas profissões antes de dedicar-se integralmente à literatura. Por vários anos o escritor foi comissário de polícia, experiência de que tirou inspiração para muitos de seus contos e romances, que lidam com o submundo do crime, sem excluir o mundo dos ricos e poderosos, retratando fatos brutais com realismo, num estilo designado como noir pela crítica, que teria influências do expressionismo. Pelo conjunto da obra foi agraciado em 2003 com o Prêmio Camões, a maior distinção conferida a autores da Língua Portuguesa. Agosto figura entre os melhores livros de Rubem Fonseca. O romance é um misto de dois gêneros que se justapõem. É um romance histórico, que relata os últimos dias da era Vargas. E também é um romance policial, no qual existe um crime e um detetive que o investiga. A obra deu origem a uma minissérie produzida pela Rede Globo em 1993. À época do lançamento, Agosto foi definido como romance histórico pela editora. Tal classificação, no entanto, não valoriza suficientemente a parte ficcional da obra. Há críticos que classificam o livro como um romance policial que tem como pano de fundo os episódios que levaram Getúlio Vargas ao suicídio, porém isto resulta num reducionismo inverso, ao relegar a segundo plano a parte histórica do livro. Parece possível, e mesmo preferível, considerar que há na obra dois gêneros literários justapostos e que, assim, o livro contém dois romances paralelos que se interligam, o histórico e o policial. Pouco ortodoxa que seja, tal conclusão é defensável porque é extenso e significativo o destaque dado no romance policial ao “pano de fundo histórico”, além do que o próprio estilo da narrativa histórica é diferente do estilo da narrativa ficcional. Lançado em 1990 e ambientado no mês de agosto de 1954, no Rio de Janeiro, então a capital da República, a trama gira em torno de dois assassinatos, um real, de conhecido registro na História do Brasil; outro fictício. Esses dois crimes se desdobrarão em outros. O crime real e histórico é o assassinato do major aviador Rubens Vaz, no atentado da rua Tonelero, que visava à morte de Carlos LITERATURA Fotos WEB


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