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Revista da CAASP - Edição 24

bom documentário no que se refere à precisão dos fatos. O filme foi rodado usando os locais dos fatos ocorridos, em todos os detalhes. A casa onde a chacina ocorreu foi utilizada para a filmagem das cenas do crime. O julgamento dos assassinos foi filmado no mesmo tribunal e, não bastasse isto, no filme vários dos jurados são os mesmos que fizeram parte do júri real. Até uma pequena sequência rodada numa estação rodoviária é filmada no mesmo local onde se deram os fatos. Richard Brooks convidou para os papéis-chave atores com acentuada semelhança física com os criminosos e com o principal investigador. É nítido que uma das intenções do diretor nesta produção foi tratá-la como se fora uma reconstituição, ampliando-a para além da cena do crime. Quanto ao dilema original, por meio de flash backs que perpassam a narrativa, fica sugerido que seria a história familiar desajustada dos assassinos o motivo do crime. Mas essa conclusão não é linear. Afirma-se também que nenhum dos dois homens sozinhos cometeria aquele massacre, por mais transtornadas que fossem suas personalidades. Juntos, comporiam uma terceira personalidade, esta sim com o brutal potencial assassino. A direção de Richard Brooks, que também assina o roteiro, é competente e precisa. A harmonia da edição das imagens com uma brilhante trilha sonora resulta em efeitos artísticos extraordinários, o que já se percebe nas sequencias iniciais acompanhadas por música dissonante com leve fundo jazzístico. O filme consegue ser sutil e discreto porque, diferentemente do que se faz hoje, deixa de mostrar tudo aquilo que para ser compreendido basta insinuar.| Luiz Barros é escritor e jornalista REVISTA DA CAASP 67 Capote: sua obra inaugurou no melhor estilo o jornalismo literário. Brooks: diretor competente e nada apelativo. CINEMA


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