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Revista da CAASP - Edição 24

54 REVISTA DA CAASP Não há como negar que a importância cultural da mídia. Os argumentos de que ela molda a sociedade ou de que apenas reflete comportamentos incentivam debates há muito tempo, particularmente quando o assunto são as “doenças da beleza”. Seriam os meios de comunicação responsáveis pelo crescimento dos transtornos alimentares? Os especialistas entrevistados pela Revista da CAASP garantem que, apesar do peso que a imposição estética da indústria da beleza exerce sobre alguns grupos, ela não pode ser responsabilizada como fator determinante para os transtornos alimentares. “Qualquer mensagem pró-magreza pode influenciar indivíduos vulneráveis. Essa mensagem pode nem sempre vir dos meios de comunicação, mas de pais ou colegas, que criam ao redor do adolescente com baixa autoestima um pavor à gordura”, observa Tatiana Moya. “A mídia tem uma parcela de responsabilidade, mas os transtornos alimentares são causados por uma interação complexa entre a genética, a biologia e fatores psicológicos e sociais”, salienta Eduardo Aratangy. Um olhar histórico ajuda a compreender o quanto a questão é cultural. Durante a Idade Média, quando os meios de comunicação eram rudimentares, moças deixavam de comer, não por serem obcecadas por um corpo esbelto, mas por entenderem que assim alcançariam a verdadeira comunhão com Deus – era a “Anorexia Santa”. Catarina de Sena (1347- 1380), santa italiana, é a representante máxima desse movimento. Magérrima, por dias ela ingeria apenas um pedaço de pão com ervas. Às vezes, o estômago não suportava nem esse pouco e ela vomitava ao ingerir o alimento. Posteriormente, a Igreja atribuiu as práticas jejuadoras a uma possessão diabólica e o hábito, até então sagrado, caiu em desuso dentro do contexto religioso. | MÍDIA, HISTÓRIA E CULTURA SAÚDE Pexel “Qualquer mensagem pró-magreza pode influenciar os vulneráveis”


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