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Revista da CAASP - Edição 24

46 REVISTA DA CAASP Missão Paz alterou a cena na região da rua do Glicério. Para chegar à igreja, caminha-se entre ambulantes que fazem na calçada o comércio de roupas usadas – sapatos, camisas, vestidos – normalmente vendidos aos estrangeiros. Logo na entrada da igreja, a reportagem encontrou um homem e uma mulher haitianos. Ele chegou a trabalhar na construção civil e agora está desempregado e, por isso, decidiu vender o aparelho de som que comprou alguns meses atrás. Fala Português com dificuldade, enquanto a mulher não entende uma palavra do idioma nacional, já que está aqui há apenas algumas semanas. Sobre uma caixa de madeira, estão algumas pencas de banana para vender. Para driblar a dificuldade de comunicação, ele chama um amigo haitiano que está há mais tempo no Brasil. Este se aproxima e conta que vai deixar o Brasil devido à crise econômica. “Quando vim para cá, há dois anos, estava bom. Agora não está bom”, afirma. O padre Paolo Parise diz que ainda não há dados oficiais, mas é grande o número de haitianos que estão deixando Brasil. “Muitos estão tentando chegar aos Estados Unidos, mas para entrar lá tem que pagar os coiotes”, diz. Apesar do fluxo inverso, a entrada de haitianos ao Brasil não diminuiu. “É que os haitianos que se consolidaram por aqui estão agora trazendo mulher e filho. Os que não se consolidaram vão embora”, diz. Nos primeiros cinco meses do ano, a Missão Paz atendeu 5.503 pessoas, 4.248 delas eram do Haiti, 309 de Angola, 149 da Bolívia, 122 da República do Congo, 119 do Peru, 89 da Síria, 52 do Equador, 51 da Colômbia e 42 do Paraguai. Imigrantes europeus também procuram a entidade, em busca de ajuda para obter documentação. Estiveram lá cinco pessoas de Portugal, uma da Espanha e outra da ESPECIAL Esdras, do Congo: vítima de preconceito no Metrô. Ricardo Bastos


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