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Revista da CAASP - Edição 24

Revista da CAASP – O trio Temer-Meirelles-Ilan começa bem? Luiz Carlos Mendonça de Barros -Começa bem, dentro das limitações do mandato atual, que é um mandato muito frágil do ponto de vista político. Acho que todas as indicações deles são no sentido de ter uma agenda econômica correta, uma agenda demandada há muito tempo. Essa é a grande mudança. Agora, essa agenda só terá efetividade se houver um lastro político, e isso a gente só vai saber depois da votação final do impeachment e da reorganização política que o governo certamente vai fazer. Para obter esse lastro político, o governo interino não tem tomado medidas que vão no sentido contrário da austeridade que apregoa? A austeridade que ele promete é a partir do mandato consolidado. Substituindo a presidente nas condições em que está, Temer não tem mandato para fazer nada de mais grave. E ele tem uma agenda herdada do Congresso, tem que lidar com os problemas que estão lá, como o aumento do funcionalismo. Houve também a renegociação, digamos, maternal da dívida dos estados, a liberação NA PARTE FISCAL, de verbas de emendas parlamentares, A CREDIBILIDADE o aumento no Bolsa Família superior ao É UM PREÇO anunciado por Dilma Rousseff... CHAVE. O SETOR Quanto à dívida dos estados, não há outra PRIVADO SÓ VAI SE saída senão fazer o que foi feito. Quando MOVIMENTAR SE estávamos no governo do Fernando TIVER CONFIANÇA Henrique, nós tivemos que lidar com essa questão, e está sendo tomada a posição correta: se dá um alívio e se exige medidas estruturais à frente. O tripé metas de inflação – superávit primário – câmbio flutuante é irrevogável? Numa economia de mercado como a nossa, esse é o mínimo em termos de programa econômico, porque esse tripé trata dos três preços mais importantes da economia. Na parte fiscal, a credibilidade é um preço chave. O setor privado só vai se movimentar, tomando decisões para frente em termos de investimento, se tiver confiança em um caminho traçado. O câmbio é o preço que regula as exportações e que deve ser fixado por força de mercado. A meta de inflação é também por uma questão de credibilidade. Não se conhece outra variação – tentou-se no Brasil outra variação, que foi a chamada “nova matriz econômica”, e o desastre está colocado. Mas é perigoso usar o câmbio como instrumento de combate à inflação, não? 24 REVISTA DA CAASP LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS | ENTREVISTA


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