Graduado em Engenharia de Produção pela USP e doutorado em Economia pela Unicamp, Luiz Carlos Mendonça de Barros, 73 anos, teve papel crucial no Governo Fernando Henrique Cardoso. Ao substituir o falecido Sérgio Motta no Ministério das Comunicações, após presidir o BNDES, Mendonça de Barros foi um dos comandantes do processo de privatização do Sistema Telebrás. Flagrado em conversa gravada e vazada na qual supostamente tentava favorecer determinado grupo empresarial, acabou inocentado das acusações pela Justiça Federal. Também está viva na memória sua desavença com o então ministro da Fazenda, Pedro Malan, exposta quando o Governo FHC tentava vencer a famigerada “crise do apagão”. Luiz Carlos Mendonça de Barros aposta no sucesso do Governo Temer, calcado nas qualificações do seu time de economistas e no correto diagnóstico dos erros cometidos por Dilma Rousseff. “Numa economia de mercado como a nossa, o tripé superávit primário/metas de inflação/câmbio flutuante é o mínimo em termos de programa econômico, porque esse tripé trata dos três preços mais importantes da economia. Na parte fiscal, a credibilidade é um preço chave. O setor privado só vai se movimentar, tomando decisões para frente em termos de investimento, se tiver confiança em um caminho traçado”, analisa, em entrevista ao editor da Revista da CAASP, Paulo Henrique Arantes. Ninguém mais abalizado que ele para falar sobre o recente pedido de recuperação judicial da Oi, empresa de telefonia oriunda da antiga Telemar, cujo processo de criação foi notoriamente indevido. “Na privatização ficou estabelecido que os grupos nacionais que quisessem entrar no jogo teriam que fazê-lo associados a uma empresa internacional de experiência, com know-how. O único grupo nacional que decidiu REVISTA DA CAASP 23 A PARTIR DE AGORA, VAMOS VIVER UMA RECUPERAÇÃO CÍCLICA MUITO RÁPIDA não cumprir essa recomendação foi a Telemar. Então, você deduz que os problemas dela hoje vêm exatamente da falta de conhecimento do mercado”, constata. Nas linhas a seguir, Luiz Carlos Mendonça de Barros fala, com a sinceridade que o caracteriza, sobre ajuste fiscal, erros e acertos dos Governos FHC e Lula, desindustrialização, juros, bolhas de consumo, privatizações e fundos de pensão, entre outros aspectos da economia brasileira que permanecem em debate. ENTREVISTA | UIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS
Revista da CAASP - Edição 24
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