nenhuma, mas estou propondo que o Estado seja responsável por esses 20%. Agora, tudo isso decorre... qual é o problema fundamental da economia brasileira? Desde que eu publiquei, em 1997, um livro inteiro só para entender a macroeconomia brasileira chamado “Macroeconomia da Estagnação”, eu venho dizendo que o maior problema da economia brasileira é uma armadilha macroeconômica de juros muito altos e taxa de câmbio sobreapreciada no longo prazo. Isso tem como consequência tornar o lucro das empresas industriais muito baixo, se não negativo, levando um monte delas a quebrar. Outra maneira de dizer isso é falarmos em termos de déficit em conta corrente. Você lê os jornais e só se fala em déficit público, como se déficit público fosse o único problema. Eu sou contra déficits públicos elevados, eu acho que a responsabilidade fiscal é muito importante. Mas a responsabilidade cambial, que no caso brasileiro significa que o país deveria ter um pequeno superávit em conta corrente, é absolutamente fundamental e ninguém quer saber disso, nem o Valor, nem a Folha, nem o Estado, nem o Globo, nem as televisões, nem a revistas (tem uma delas que eu não deixo nem entrar em casa) (risos). E por quê? Existe uma relação direta entre a taxa de câmbio e o déficit em conta corrente. Se você tem uma taxa de câmbio de 3 reais por dólar, você vai estar equilibrado. Agora, se você tem a taxa de câmbio a 2,50, como nós tivemos durante sete anos, você vai ter um grande déficit em contra corrente. Se você tiver uma taxa de câmbio de 3,80, você vai ter um pequeno superávit em conta corrente - e 3,80 é o que eu preciso. Eu preciso necessariamente ter um pequeno superávit com conta corrente. E por que a gente não tem? Por que ninguém quer saber disso? Quem se interessa fundamentalmente por isso é o Norte, ou o Ocidente, ou o Império (risos)... eles tem vários nomes. Eles têm grande REVISTA DA CAASP 17 ENTREVISTA | LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA
Revista da CAASP - Edição 24
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