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Revista da CAASP - Edição 23

54 REVISTA DA CAASP A lei e a ordem, quando não a ética, são temas de todos os filmes de faroeste. Xerifes são personagens frequentes de tal gênero de cinema, e muita vez também juízes, não faltando em muitos casos cenas de julgamentos. Mas em O Homem que Matou o Facinora, de forma rara, o protagonista é um advogado, Ranson Stoddard, vivido por James Stewart, amigo, e rival pelo amor de uma mulher, do vaqueiro Tom Doniphon (John Wayne). A película, rodada em branco e preto, o que acentua sua dramaticidade, é a adaptação cinematográfica de um conto de Dorothy M. Johnson, autora cuja obra mais conhecida, e também levada às telas, é Um Homem Chamado Cavalo. Johnson é uma escritora representativa de uma fase moderna do faroeste, em que os valores do velho oeste, após a Segunda Guerra, passam por transformações no imaginário americano. Se, a partir de sua obra Um Homem Chamado Cavalo, os índios inicialmente descritos na literatura e no cinema como selvagens desprezíveis passaram a receber tratamento diferente, em O Homem que Matou o Facínora, Dorothy M. Johnson retratou de forma a um tempo lírica e irônica a transição da lei do mais forte, ou do mais rápido no gatilho, ao tempo das liberdades cívicas conferidas pela civilização e pela democracia a todos os cidadãos. Esse momento, em que o território em que se passa a ação alça-se à condição de estado, exige representação política, que será exercida por homens letrados e não por cowboys, hora em que, dentre todos, o CINEMA


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