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Revista da CAASP - Edição 23

É amigo de Michel Temer, com quem se reuniu, ao lado de Henrique Meirelles, pouco antes de o governo interino assumir. Delfim aposta na dupla Temer-Meirelles. À Revista da CAASP, ele mostrou-se otimista. “O Brasil tem hoje quase uma unanimidade quanto ao diagnóstico da economia, quanto às reformas que precisam ser feitas se quisermos recuperar o crescimento. E não sofremos de escassez de talentos. O que falta?”, indaga, para em seguida responder: “Receita de economista aceita tudo. Mas como transferir a receita para a prática? Como se transfere a receita de pudim para o pudim? São necessários ingredientes e um forno, pelo menos. Da mesma forma, é preciso ter poder político para entregar as coisas que devem ser feitas – essa é a diferença do Temer”. Segundo Delfim, a economia entrará nos trilhos se o chamado “presidencialismo de coalizão” funcionar e o governo conseguir aprovar as medidas que propõe. “Se forem aprovadas três ou quatro medidas, que são óbvias, necessárias, se reverterá a expectativa de crescimento. E não tem maldade nenhuma nessas medidas”, salienta, dizendo que quem as critica é “uma esquerda infantil, que esconde um corporativismo terrível”. Para o economista, o acatamento pelo Congresso das medidas propostas por Temer, Meirelles e equipe mudará de pronto a expectativa de crescimento da economia. “O governo volta a fazer concessões, o setor privado volta a investir – esta é a linha, na verdade quase nada diferente do que propunham os ex-ministros Joaquim Levy e Nelson Barbosa, só que a agora pelas mãos do Temer, um dos poucos políticos brasileiros da velha estirpe, que faz tricô com quatro agulhas”, metaforiza. Importante recordar que Delfim Netto já REVISTA DA CAASP 27 elogiou Dilma Rousseff. Para a Revista da CAASP, ele o fez em abril de 2013. Ainda hoje, o economista reconhece que “a Dilma fez uma administração primorosa em 2011, o Brasil cresceu 3,9% e reduziu-se a relação dívida/PIB”. E quando se deu a inflexão negativa? “Em 2012 ela começou a errar, quando pôs a mão na energia elétrica. Ela estava no auge do seu prestígio ao mesmo tempo em que estava no auge dos seus erros”, recorda. “Eu acredito piamente que a Dilma é uma pessoa honesta e merece nosso respeito, mas ela tem um voluntarismo, um desejo de intervir, uma convicção de sapiência que é extremamente prejudicial para a administração pública. Baixou a energia em 20%? Maravilha, mas todos ESPECIAL Dos quadros do BC saíram os principais nomes da equipe econômica. WEB


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