REVISTA DA CAASP 25 ESPECIAL Meirelles e Serra: presidenciáveis afastados da zona de conflito. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o ministro das Relações Exteriores, José Serra, vão se chocar em algum momento? “Temer é muito esperto, e tomou uma cautela: não colocou Serra na área econômica. Se Serra estivesse no Planejamento, talvez o conflito fosse inevitável”, observa o cientista político Cláudio Gonçalves Couto. Recorde-se que Serra, quando ministro do Planejamento no Governo Fernando Henrique Cardoso, confrontou o então titular da Fazenda, Pedro Malan, e por isso foi realocado no Ministério da Saúde. “Eles tinham concepções distintas”, lembra Couto. “Na política externa, embora algumas questões envolvam acordos comerciais, Serra seguirá uma agenda própria que não compete diretamente com a de Meirelles”, pondera o professor da FGV. E completa: “Não há problema que um governo reúna pessoas com ambições. O que não dá é quando essas pessoas estão colocadas em conflito direto. Estando em campos opostos, as coisas ficam mais fáceis”. Tanto Serra quanto Meirelles deram a largada nos respectivos cargos com força total. O primeiro, respondendo com vigor aos governos latino-americanos que questionaram a legitimidade do governo brasileiro interino e anunciando nova diretriz para as relações comerciais do Brasil – “sem partidarismo”, apregoou o tucano. O segundo, apresentando um pacote econômico calcado em algumas propostas consensuais, e em outras um tanto polêmicas. Jessica Lima - AIG Alexandre Campbell - FWE
Revista da CAASP - Edição 23
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