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Revista da CAASP - Edição 23

se identifica mais atualmente? Luiza Erundina foi prefeita numa fase em que a Prefeitura lutava contra a penúria. Mais tarde, com a Marta, a Prefeitura já tinha subido alguns degraus, então era mais fácil atuar. A Erundina foi sufocada pelos partidos políticos. Eu não analisei as candidaturas de hoje, mas, pelas pessoas, elas se equivalem. O que o senhor acha da gestão Haddad em São Paulo? Fraca. Por exemplo, a questão da movimentação dentro do município foi relegada ao espaço. Quando procurador da Justiça, durante a ditadura militar, o senhor se destacou no combate ao Esquadrão da Morte, liderado pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury. Como foi aquela luta? Diante do panorama que a imprensa mostrava, pessoas mortas – os “presuntos” –, eu pedi, como procurador, que o Ministério Público atuasse, o que não aconteceu. Então, eu reiterei o pedido, e me foi dito na ocasião que eu estava cutucando a fera com vara curta e que então eu mesmo iria assumir o caso. Eu assumi, fiz as investigações com muita dificuldade, mas cheguei a conclusões que levaram a processo criminal, mas não contra todos os elementos, porque o próprio Fleury já havia falecido. O senhor recebeu muitas ameaças? Eu nunca dei muita atenção a isso. Pode ter havido ameaças, mas eu sempre as ignorei. Eu fui promotor público, e a vida de promotor público é complicada. Eu nunca pus em juízo minha atuação por causa de uma ameaça. E a polícia de hoje, ainda mata daquela forma? Há muito tempo em venho debatendo a hipótese de termos uma só polícia, fundindo as Polícias Militar e Civil, mas existem alguns problemas. Não se pode, por exemplo, haver um policial que não seja distinguido dentro da população – então, é preciso existir a polícia uniformizada. E é preciso haver a polícia investigativa, que não é uniformizada. Então, temos que trabalhar com 16 REVISTA DA CAASP HÉLIO BICUDO | ENTREVISTA


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