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Revista da CAASP - Edição 21

Alexandro Braga do Valle, que mantém um escritório em sociedade com a mulher, Débora Guizilim, ambos especializados em Direito Empresarial. Para o cliente, a gestão digital significa que a porta do escritório do seu advogado está permanentemente aberta. Nos casos de Haristeu e Dominique, os clientes recebem uma senha que garante o acesso a qualquer hora a uma pasta com as principais informações e os documentos do seu processo. Por exemplo, enquanto aparece no site do Tribunal de Justiça o registro de que o processo está “concluso para o juiz”, o site do escritório detalha a informação, explicando, por exemplo, que o processo foi para a mesa do juiz para ele decidir sobre determinado pedido ou para julgamento. “Com as ferramentas de gestão digital, diminuiu o número de visitas ao escritório”, afirma Haristeu. “O programa busca o andamento processual, leva para dentro da pasta do cliente e, dependendo da informação, nós acrescentamos um texto padrão, para explicar o significado da movimentação do processo. Antes que o cliente pergunte, a explicação já está lá”, explica Dominique. Há várias empresas que oferecem serviços desse tipo no Brasil, mas a de Marcelo Rozgrin Marques, além de pioneira, tem uma particularidade: ela acompanhou desde o início a evolução da informática nos serviços jurídicos. “Eu estou com o Marcelo desde 1990, quando eu era estagiário do jurídico do Unibanco e meu chefe comprou o programa de atualização monetária dos processos. Como ele era bem jovem, aceitava sugestões e o programa era alterado na medida em que sentíamos a necessidade de uma nova ferramenta ou da inclusão de um novo índice”, recorda Haristeu. Essa postura empresarial se mantém até hoje. Desde a pré-história digital Embora tenha feito alguns anos de Engenharia, Marcelo, o fundador da empresa, concentra toda sua energia no desenvolvimento de programas. A vocação dele foi descoberta bem cedo, quando, ainda criança, pediu ao pai que lhe pagasse um curso de computação. O pai, que era professor, além do curso, presenteou o filho com livros e um computador, em que ele ficava o dia todo, já que a madrasta restringia-lhe a televisão. Não havia jogos interessantes nos computadores da época e ele começou a pesquisar sobre a linguagem das máquinas, aqueles números e sinais que aparecem na tela. No início da década de 90 ainda nem existia internet, mas Marcelo Rozgrin Marques colocou todas as suas fichas em uma novidade tecnológica, o BBS, uma espécie de avô das atuais redes sociais, que permitia o contato à distância via telefone. Era tudo muito precário, mas o e-mail já era uma realidade nessa pré-história da idade digital. Ele foi colecionando e-mails até atingir a marca de 60 mil, o que, na época, era um público gigantesco. Sua fonte principal era o Mandic, um provedor de BBS. Um dia, ele procurou uma empresa que vendia computadores pessoais e perguntou como eles se comunicavam com potenciais clientes, além de publicar anúncios na imprensa. Era por carta. “Cobro dez vezes menos e faço chegar a carta a quem mais usa computadores, que é o pessoal que tem e-mail”, propôs. A empresa topou e ele iniciou o lucrativo negócio de spam. Não havia lei que proibisse o envio de mensagens por computador. Pelo contrário: eram tão poucos usuários de e-mail que, em geral, o usuário do BBS ficava feliz quando o computador apitava, num aviso de que o carteiro virtual acabara de chegar. Arquivo H. B. Y. Haristeu e Débora: “está tudo na nuvem” Fevereiro 2016 / Revista da CAASP // 25


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