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Revista da CAASP - Edição 20

DICAS \\ Os fiéis companheiros do bicho homem Reportagem de Joaquim de Carvalho Nas praias de Ubatuba, os comerciantes veem todos os anos a mesma cena. Terminado o verão, os turistas desaparecem, mas deixam na areia uma vergonhosa marca de sua passagem: um número grande de cães, muitos de raça, abandonados. “Eu tenho dó e adoto alguns, mas não posso ficar com todos, são muitos. Aquela ali ficou do verão do ano passado”, conta a dona de um restaurante na praia da Enseada, apontando para uma fêmea da raça Golden Retriever muito acima do peso. “Os clientes adoram ela, e dão muita comida”, explica. Do lado de fora do restaurante, um cão corre de um lado para outro na areia, latindo como se procurasse o dono na água. “Foi abandonado, com certeza”, afirma a comerciante. O destino dele será o mesmo da maioria que não consegue ser adotada: formar uma matilha e ficar percorrendo a praia à procura de sobras de comida. Estas cenas tristes, presenciadas por este repórter no fim do último verão, são o eventual desfecho de um fenômeno que, na maioria das vezes, começa com abraços e beijos, juras de amor, muita alegria: a aquisição de um animal doméstico, seja por meio de compra ou de adoção. 32 // Revista da CAASP / Dezembro 2015 “A relação começa bem até o dono perceber que aquele não era bem o animal que ele queria, não tinha tempo, disposição ou espaço para cuidar de um animal. Aí procura se livrar dele”, diz à Revista da CAASP o empresário Alessandro Desco, que mereceu uma reportagem muito positiva da revista Veja São Paulo em razão do trabalho que desenvolve no resgate de Pitbulls abandonados na cidade. Em cinco anos, Alessandro já socorreu cerca de 250 cães. Um deles foi Guerreiro, que ele encontrou na estrada do Alvarenga, muito debilitado. Provavelmente, Guerreiro foi abandonado pela família e, depois, alvo de espancamento a pauladas por pessoas de preconceito contra Pitbulls. “Todo mundo diz que o Pitbull é violento e, por isso, ele sofre quando é abandonado”, conta Alessandro. Hoje Guerreiro é um dos cinco cães que moram em sua casa, quatro deles da raça Pitbull. “Eles são dóceis e precisam de muita atenção. A fama de violento veio de um erro de interpretação dos donos: ele foi colocado como guarda, quando na verdade é um cão de companhia”, garante. O Pitbull é um cão atarracado e dono de uma mandíbula potente, mas a natureza não o dotou do instituto de guarda, como o Pastor Alemão ou Rottweiller. Cada raça tem características próprias e conhece-las é o primeiro passo para o ser humano iniciar uma relação duradoura com seu animal. C. M. S. P. Desco e Guerreiro: o Pitbull não é violento por natureza Arquivo A. D.


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