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Revista da CAASP - Edição 20

ESPECIAL \\ De ascendente a submergente Reportagem de Paulo Henrique Arantes e Joaquim de Carvalho A alardeada ascensão de parcela significativa das classes sociais mais baixas, convencionalmente chamadas de D e E, ao nível de uma faixa média com razoável poder de consumo, a famigerada classe C, corre o risco de ser revertida. Os equívocos do primeiro governo Dilma Rousseff teriam obrigado o Brasil a um aperto fiscal doloroso e, como defendido pela ortodoxia econômica, ainda mais duro para a classe média (leia box que fecha esta reportagem). Economistas desenvolvimentistas, em geral seguidores de John Maynard Keynes, e neoliberais, em maior ou menor grau discípulos de Milton Friedman, concordam quanto à necessidade de aperto do cinto, mas divergem frontalmente quanto ao nível do sacrifício a ser imposto à população e, principalmente, sobre qual parcela da população merece ser penalizada. Um estudo da Tendências Consultoria Integrada estima que 3,1 milhões de famílias, mais de 10 milhões de pessoas, das classes D e E que subiram à classe C entre 2006 e 2012, passando a ter acesso a bens e serviços como plano de saúde, ensino superior e carro zero, serão devolvidas aos patamares inferiores até 2017. A Tendências baseia-se num recuo projetado da economia de 0,7% ao ano entre 2015 e 2017. A consultoria considera como classe C as famílias com renda mensal entre R$ 1.958,00 e R$ 4.720,00, e como classes D e E aquelas com renda mensal até R$ 1.957,00. No terceiro trimestre de 2015, o desemprego no país chegou a 8,9% (justamente 8,9 milhões de pessoas estavam desempregadas), ante os 8,3% do segundo trimestre e os 6,8% do primeiro, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de 20 // Revista da CAASP / Dezembro 2015 Ricardo Giusti - PMPA Fila por emprego em Porto Alegre Friedman e Keynes: o guru dos neoliberais e o Deus dos desenvolvimentistas


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