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Revista da CAASP - Edição 19-

celebrado por ser o primeiro médico a separar com êxito gêmeos siameses unidos pelo cérebro. Nenhum dos dois tem qualquer credencial no campo da gestão pública. O que se espera, no Brasil e no mundo, é que a antipolítica não seja dúbia, mas que sirva aos interesses reais da população. E que pela população seja protagonizada. O desejo final dos eleitores é que as más práticas no exercício do poder político sejam extirpadas, não camufladas, e que não sirvam a anseios antidemocráticos, como bem descreveu o jornalista Gaudêncio Torquato, que integra o Conselho Editorial da Revista da CAASP: “A antipolítica é um movimento que se expande pela rede de entidades sociais, animando grupos, incentivando categorias profissionais, abrindo um intenso debate sobre os rumos do país. O foco dessa movimentação é o amortecimento da velha política, significando inovação de prática e costumes, busca de novos quadros e perfis, meritocracia no lugar de indicações políticas para cargos, qualificação de priorização de programas e ações públicas, entre outros aspectos”. Professor titular da Escola de Comunicações e Artes da USP, Torquato escreve há mais de 10 anos sobre o avanço da antipolítica no Brasil. Outubro 2015 / Revista da CAASP // 21 // Com a palavra, eles O sentimento antipolítico é global”, afirma categoricamente o senador Roberto Requião (PMDB-PR), notório por não ter papas na língua desde que era governador do Paraná. Sua postura costuma contradizer frontalmente o comportamento majoritário da sigla que integra. O discurso de Requião, em síntese, pode ser classificado como de esquerda clássica. “Depois do nazismo, surgiram o estado social, a democracia, os direitos humanos. O capital reage com a precarização do trabalho dos parlamentos, os partidos ideológicos são substituídos por propostas do poder econômico”, contextualiza, assim, a situação brasileira, procurando explicar as razões do descrédito em que dormita classe política. Requião não poupa seus pares. “Há uma evidente corrupção dos parlamentares, que representam os interesses seus e de seus financiadores. A desmoralização da política é programada pelo interesse do capital, que se sobrepõe aos interesses das pessoas”. E o senador paranaense vai além: “A insatisfação popular, que é justa, está sendo manipulada pelo capital. Veja o grande repúdio da mídia à CPMF e o quase nulo repúdio aos juros altos e à sonegação. O interesse do capital influencia a opinião pública por falta de partidos organizados, orgânicos e propositivos”. Líder do PT no Senado, Humberto Costa, de Pernambuco, afirma que o Brasil vive “uma crise de representatividade em razão de um sistema político caduco, que não representa mais os anseios dos brasileiros”. Diante da constatação, faz um alerta: “Os movimentos de junho de 2013 ilustraram muito bem esse descontentamento, mas não podemos deixar que alguns se aproveitem desse contexto para querer destruir algo inerente a todas as sociedades democráticas, que é a política”. Costa defende uma reforma política “que mude profundamente o atual sistema”. O senador pernambucano explica que tal “ Moreira Moriz - Agência Senado (Fotos Públicas) Fábio Pozzebom - Agência Brasil (Fotos Públicas) Requião, do PMDB: “o capital manda na política” Costa, líder do PT no Senado: “sistema político está caduco”


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