ora a ela se faz – revela-se a cada dia mais sistêmica. Naturalmente indignado, o povo sai às ruas contra tudo, mas entre os manifestantes se veem cartazes pedindo a volta dos militares ao poder, como se o problema fosse a democracia. Se os quesitos acima mencionados são pouco para que se vislumbre a “tempestade perfeita”, vamos a outros. Vivemos uma crise hídrica sem precedentes, a contribuir para o recrudescimento de doenças infecciosas que deveriam estar extintas. Hospitais e postos de saúde não dão conta de atender aos casos de dengue no Estado de São Paulo. Um colapso no abastecimento de energia elétrica não está descartado. O cenário é aterrador, mas quem se predispõe a gerir os rumos de uma Nação não pode se retrair em momentos como este. Para impedir a “tempestade perfeita” são imprescindíveis homens públicos dotados de inteligência e vontade política. Será que os temos? Nós, advogados, nos comprometemos a continuar lutando para que o Brasil ultrapasse seus obstáculos sem retroceder em sua democracia – nosso papel tem sido esse ao longo da História. É triste constatar que neste momento em que as forças democráticas, mais do que nunca, devem estar unidas, surgem no Congresso Nacional vozes contrárias justamente à advocacia, profissão que simboliza a liberdade. O Projeto de Lei que acaba com o Exame de Ordem, conforme descrito na reportagem de capa desta edição, não pode, em hipótese alguma, ser aprovado pelo Parlamento. Há tempos a Ordem dos Advogados do Brasil vem advertindo para a péssima qualidade da maioria das faculdades de Direito. O Exame da OAB impede que a defesa do cidadão seja praticada por bacharéis lançados à praça sem condições mínimas de postular por direitos de quem quer que seja. O preço de uma Justiça abarrotada de bacharéis despreparados será alto demais para a democracia brasileira, e então se consumará, talvez de modo irreversível, a “tempestade perfeita”. A quem isso interessa? Fábio Romeu Canton Filho Abril 2015 / Revista da CAASP // 7
Revista da CAASP -Edição 16 - Final - 1
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