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Revista da CAASP -Edição 15

PALAVRA DO PRESIDENTE \\ 6 // Revista da CAASP / Fevereiro 2015 LIÇÕES QUE O MUNDO NÃO APRENDEU A publicidade que o Holocausto ganhou no Pós-Guerra, com a divulgação de números estarrecedores e imagens chocantes, mostrou a que ponto pode chegar a bestialidade humana. Obras como a de Hannah Arendt, que cunhou o termo “banalidade do mal”, legou-nos a percepção de que o homem é capaz não apenas de realizar monstruosidades, mas também de fazê-lo na qualidade de simples burocrata, um carimbador, a despachar para campos de extermínio seis milhões de pessoas organizada e metodicamente. A lição do Holocausto, contudo e por incrível que pareça, não foi globalmente assimilada. O preconceito religioso e étnico segue vivo, o ódio racial adquire sobrevida, a xenofobia é abraçada como plataforma de governo. O terrorismo surge em resposta, mostrando a face mais sinistra do desrespeito às diferenças. Não à toa, trouxemos o tema da intolerância para estas páginas. O mundo revoltou-se com o cruel assassinato dos cartunistas do humorístico francês Charlie Hebdo, em janeiro último. Uma marcha reuniu 1,5 milhão de pessoas em Paris em solidariedade às vítimas e em clamor por respeito à liberdade de expressão. Por que, então, a Revista da CAASP ilustra sua capa posicionando Nélson Rodrigues, à frente da consagrada passeata, a exibir faixa com sua máxima “toda unanimidade é burra”? O célebre dramaturgo sabia que a unanimidade é fruto da massificação, processo pelo qual se padronizam hábitos, gostos e opiniões. Burra, portanto.


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