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Revista da CAASP -Edição 14 - Final - 6

o braço, era, como disse, um homem de cinquenta anos”. Quem hoje pode considerar um homem de 50 anos velho? Os tempos mudaram, e a população jogou a velhice para depois dos 70 anos ou mais. Para os especialistas, a vida, quando se aproxima dos 80 anos, requer cuidados especiais. Na Europa e nos Estados Unidos, há uma indústria poderosa que atende os mais velhos, com hotéis, casa de repouso e até condomínios para quem tem mais de 65 anos. A preocupação da CAASP com essa nova demanda levou o Clube de Serviços a buscar parcerias. A primeira foi com o Hotel da Vovó, de Lélia, que também é advogada e dona de uma imobiliária. A outra foi com o Casa de Repouso Acalanto, que também pertence a um advogado, Mário Miano, que por décadas trabalhou no Palácio dos Bandeirantes, como assessor direto de governadores. Na gestão de Franco Montoro, na década de 80, quando o Estado começou um trabalho mais intenso com a terceira idade, ele, com a experiência de jornalista e radialista, comandava gincanas e shows, como os que se realizavam no ginásio da Portuguesa de Desportos. Também conheceu muitos clubes da terceira idade e viu que começava a existir uma demanda por serviços de qualidade para os mais velhos. Idosa, sua mãe morava numa casa de repouso mantida por uma instituição alemã em São Paulo, Em um fim de semana, quando estava com ela em sua chácara, ouviu a mãe comentar que, entre montanhas, a vida é melhor, por causa do ar e da paisagem. Mário ficou com a frase na mente, e muitos anos depois construiu a casa de repouso entre morros, perto de sua chácara. A casa tem logo na estrada uma placa, com a frase inspirada pela mãe do proprietário: “Entre montanhas, um modo diferente de viver”. O local tem cômodos muito espaçosos, com um banheiro para cada dois quartos, onde dormem no máximo duas pessoas. O corredor é largo, para permitir o trânsito de cadeiras de roda. No quarto, além das camas, tem uma poltrona. Numa delas, havia uma boneca, o que combinava com o os adesivos alegres afixados na porta. As camas são de solteiro, e só há macas hospitalares para casos especiais. Na sala, uma cuidadora faz a barba de um hóspede, enquanto outros assistem a TV. Existem quatro lareiras, mas só duas são ligadas à noite. É o suficiente para manter o ambiente muito aquecido. Em duas gaiolas, oito canários australianos, que cantam muito. A Casa Acalanto hoje tem treze hóspedes, a maioria de famílias de classe média alta, como advogados, juízes e desembargadores. Até o parente de um famoso apresentador de TV ficou alguns anos ali. Na parede, entre murais com fotos do Carnaval e de outras festas, um cartaz ensina: “Tornar-se idoso é intensificar o brilho da própria natureza divina”. Dezembro 2014 / Revista da CAASP // 31 Casa Acalanto: convívio em ambiente bucólico


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