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Revista da CAASP -Edição 12_-

PALAVRA DO PRESIDENTE \\ 6 // Revista da CAASP / Agosto 2014 Vencer novamente Mesmo sendo verdade, não é saudável afirmar que a corrupção no Brasil é um problema cultural. É fato que nascemos e crescemos como colônia de exploração, disso decorrendo hábitos pouco afeitos a valores morais ou respeito à coisa pública. O Brasil, contudo, não evoluirá nesse campo enquanto não se entender que tal aspecto da cultura nativa pode ser modificado - e precisa ser - em nome da nossa própria existência como Nação. Lembremos aqui a histórica sentença do filósofo britânico John Stuart Mill, proferida no Século XIX: “Ainda que as circunstâncias influam muito sobre o nosso caráter, a vontade pode modificar as circunstâncias em nosso favor”. Há quem diga que o afastamento de um presidente da República e a condenação de figuras-chave de um governo – os mensaleiros – elevam o Brasil ao nível das nações que efetivamente não toleram a corrupção. Não acredito, mesmo louvando ambos os desfechos. É preciso muito mais para que nos tornemos um país que justifique ser chamado de República, forma de governo em que o Estado existe para atender ao interesse geral dos cidadãos. O que acontece nestas terras é que o empresário não adere a um processo licitatório sem reservar o percentual da propina. Por aqui, não se doa um centavo para campanha eleitoral sem se vislumbrar o retorno futuro na forma de benesse governamental. A regra do jogo é esta: contribua financeiramente com quem está no Poder, que o Estado lhe será generoso. A generosidade do Estado para com grupelhos políticos e econômicos em muito ofusca os méritos das chamadas ações sociais dos governos. O estudo realizado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), amplamente noticiado quando da sua conclusão, em 2012, estimou que R$ 50,8 bilhões, no mínimo, escorrem pelo ralo da corrupção no Brasil a cada ano, valor equivalente


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