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Revista da CAASP -Edição 12_-

EENNTTRREEVVIISSTTAA \\ maioridade fizessem uso - o primeiro café é de 1968, na cidade de Utrecht, que é um centro não só industrial, mas também universitário. Os cafés holandeses tinham quantidade fixa por dia para venda, e com isso deu-se o grande passo de cortar o vínculo entre usuário e traficante. Como foi sua experiência como secretário nacional Antidrogas, no governo Fernando Henrique Cardoso? A minha posição era - e é - a posição que o Fernando Henrique resolveu adotar agora. Na época em que foi presidente, ele era um súcubo do presidente Bill Clinton, e o Bill Clinton não deixava fazer nada. Quero deixar claro que eu não tenho filiação político-partidária, minha formação é de magistrado, e não de magistrado que depois entra para a política – eu não tenho essa vocação. Foi realizada uma Assembleia Especial das Nações Unidas em 1998. Eu era convidado das Nações Unidas para acompanhar os encontros preparatórios. Vários intelectuais, vários políticos, montaram um fórum paralelo à Assembleia, e de lá saiu um documento, assinado pelo Lula, por um religioso brasileiro, por um médico sanitarista e por vários intelectuais de porte. Eles propunham que o Kofi Annan propusesse à Assembleia nada mais, nada menos, que não mais criminalizar o usuário (eu tenho cópia desse documento, estava lá como magistrado, ainda não era secretário). Eu te pergunto: o presidente Lula mudou a legislação a ponto de não criminalizar o usuário? Não. Eu lhe pergunto: qual a coerência do Lula? E qual é a coerência do Fernando Henrique? O Brasil carece da veracidade, da coerência. Voltemos ao PCC, o grupo criminoso de que mais se fala no Brasil. Como ele deve ser combatido? Isto é preconizado no mundo, mas no Brasil não vale: você só consegue combater crime organizado mexendo no bolso, mexendo no caixa da organização. Vale dizer: desfalcando-a. E o Governo de São Paulo ainda não se preocupou em desfalcar o PCC. Quando um comércio ou uma indústria quebram? Quando não têm dinheiro. É importante que se faça isso quanto ao PCC rapidamente, enquanto ele ainda é uma pré-máfia. Na Europa, bens mafiosos são doados a cooperativas, que geram empregos. Hoje, existe vinho feito por cooperativa em terra mafiosa. Voltando aos chefes mafiosos, houve uma pena criminal assessória de perdimento de bens de um grande mafioso que tinha nas suas terras plantação de olivas. As 14 // Revista da CAASP / Agosto 2014 “O governo de São Paulo ainda não se preocupou em desfalcar o PCC”


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