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Revista da CAASP - Edição 11 --

PALAVRA DO PRESIDENTE \\ 6 // Revista da CAASP / Junho 2014 Drogas: os riscos de liberalizar O secretário nacional de Drogas do Uruguai, Julio Heriberto Calzada, veio ao Brasil para participar de debate na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado. Provocado pelo senador Cristóvam Buarque, disse que, sim, talvez a legalização da maconha em seu país faça aumentar o número de usuários, mas associada a outras políticas públicas nas esferas cultural e social modificará os padrões de consumo e levará ao êxito na redução dos mesmos. O que se sabe, por ora, conforme informou o secretário, é que o Uruguai reduziu a zero o número de mortes relacionadas ao comércio de maconha desde que as novas regras entraram em vigor. Nosso vizinho garante acesso legal à cannabis se cultivada em até seis pés por moradia ou nos chamados “clubes de cultivo”. A droga também pode ser adquirida mediante um sistema de registro controlado pelo governo. A iniciativa uruguaia serviu para nos chamar às falas: e o Brasil, o que fará em relação às drogas? De minha parte, a expectativa é de que sigamos pelo caminho oposto ao do nosso vizinho. E a primeira razão é de ordem médica. Especialistas como o professor Ronaldo Laranjeira, psiquiatra da Universidade Federal de São Paulo, alertam para o fato de que a maconha é – sim, senhor – extremamente maléfica ao organismo humano. Age no córtex cerebral, dificultando o raciocínio e a concentração, e no hipocampo, provocando perda de memória. Estima-se que os usuários frequentes da cannabis corram risco dobrado de desenvolver depressão e transtorno bipolar, e tenham probabilidade três vezes e meia maior de se tornarem esquizofrênicos. A chance de um usuário de maconha sofrer com transtorno de ansiedade é multiplicada por cinco em relação ao não usuário. Os defensores da flexibilização legal do consumo da maconha, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, dizem que a regulação cortaria o vínculo entre traficantes e consumidores e facilitaria aos dependentes graves acesso a tratamento médico. FHC também costuma citar os


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