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Revista da CAASP - Edição 11 --

PERFIL 40 // Revista da CAASP / Junho 2014 \\ Uma história de luta e união familiar Guiados pela vocação, Adauto de Mattos e Jane Aparecida de Mattos, pai e filha, escolheram os mesmos caminhos Cristóvão Bernardo Fátima, Jane e Adauto. acadêmico e profissional. Optaram pelo Direito e pela advocacia. Ele em 1974, aos 43 anos, já chefe de família. Ela em 1984, aos 18 anos, ao terminar o ensino médio. Sob o manto do Direito, pai e filha compartilharam afeições, simpatias e inclinações ideológicas. Para Adauto, o ingresso na Faculdade de Direito viria depois de duas décadas longe dos estudos. “Havia 20 anos que eu não encostava em um livro”, conta. Fez supletivo, cursinho pré-vestibular e conseguiu ser aprovado na Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo. Até se formar e se tornar advogado, aos 48 anos, Adauto dividiu-se entre o trabalho no antigo Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) e os estudos. Jane, por sua vez, apaixonou-se pela advocacia ao acompanhar de perto a rotina do pai. Formou-se em Direito pela Universidade Mackenzie em 1989 e logo começou a atuar na profissão. O caminhar da vida, contudo, levou-a a percorrer novos caminhos: em 1991, passou a trabalhar como radialista. Depois, como artesã. Nesse meio tempo, em 1995, sua mãe faleceu. Em 2007 ela decidiu voltar a advogar, e passou a fazê-lo ao lado do pai. Juntos seguiram pai e filha. Em 2011, aos 80 anos, Adauto começou a sofrer com uma série de problemas de saúde. Hipertenso, sofreu um AVC de intensidade leve, que não o incapacitou mas o fez perder a agilidade. A osteoporose também o atacou. Advogar ficava cada vez mais difícil. A outra história de Jane - Jane nasceu com deficiências congênitas: não tem o antebraço esquerdo e seus tendões e membros inferiores são malformados, o que lhe obrigou a se locomover com órteses até os 14 anos. Seu crescimento foi uma luta ininterrupta desde os dois anos, quando teve de se submeter a quatro cirurgias reconstrutoras das pernas. Com muita garra e determinação, ela superou todas as etapas dessa luta. Mas momentos ainda mais difíceis surgiriam em 2013. Numa queda, Jane fraturou o fêmur esquerdo. Foi encaminhada ao hospital, passou por cirurgia e, na mesma oportunidade, foi diagnosticada com câncer de mama, doença que ainda está sendo tratada. “Está tudo bem”, costuma dizer. “Jane sempre foi muito guerreira, desde criança”, observa sua irmã Fátima, ao lembrar a trajetória da caçula, de quem não descuida por um minuto sequer.


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