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Revista da CAASP - Edição 11 --

As campanhas na televisão têm que ser ao vivo, não podem ser feitas pelas grandes empresas de marketing. O que se vê hoje são marionetes e não o cidadão que está em campanha. Nos Estados Unidos, quem decide a eleição são os debates ao vivo entre os candidatos. Os debates políticos brasileiros eram mais interessantes quando tinham menos regras, não? Junho 2014 / Revista da CAASP // 15 Sim, mas de qualquer forma não dá para fazer debate com 10 candidatos. O Prêmio Nobel de Economia e colunista do New York Times Paul Krugman esteve num ciclo de palestras no Brasil, e elogiou nossa economia pelo baixo desemprego, relação dívida/PIB satisfatória, bom volume de reservas em dólar e inflação há mais de 10 anos abaixo do teto da meta. O senhor concorda com ele? Eu acho que a coisa está caminhando, apesar de alguns problemas. Por exemplo, hoje há esse problema da Petrobras, que nos deixou muito alarmados. O problema é que o governo mistura eleição com sua condição de governo. Esse negócio de reeleição com o presidente no cargo é uma coisa difícil. Muita gente fala que o preço da gasolina e o preço do transporte hoje são subsidiados, e que terminada a eleição nós vamos pagar dobrado. Mas eu, com toda sinceridade, acho que não dá para dizer que o país esteja na contramão. Nós estamos caminhando. Eu acho que o emprego é um indicador importante, assim como a diminuição da pobreza, que é uma realidade. A OAB mantém o peso institucional que a caracterizou no combate à ditadura? Eu não tenho dúvida disso. Entre OAB, ABI (Associação Brasileira de Imprensa) e CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil), a que tem permanecido é a OAB. Eu me lembro, lá atrás, nas horas mais dramáticas do regime militar, nas Diretas Já, foi a OAB quem saiu na frente. Eu sou seu admirador inconteste, e ela mantém essa bandeira de respeitabilidade no Brasil inteiro. O senhor será mais uma vez candidato a cargo público? Acho que não. Qual foi o momento mais difícil da sua vida política? Foi em 1964, quando esvaziaram a classe política no Rio Grande do Sul e eu, de repente, quando percebi, em meu primeiro mandato como deputado, era presidente do partido. Tive de fazer o enfrentamento e minha vida mudou 180 graus. Eu tinha uma vida de advocacia pela frente, pretendia ser um bom advogado, um bom professor universitário. Mas a casa caiu, eu comecei uma corrida e até hoje não parei. Candidato de novo? “Acho que não.”


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