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Revista da CAASP - Edição 09 -

\\ PERFIL Amor e dedicação ininterruptos 36 // Revista da CAASP / Fevereiro 2014 Arquivo pessoal V. Pinto A advogada Valdete Pinto não alimentava esperanças de ser mãe. Isso porque em 1987, quando sofreu uma cirurgia para retirada de um mioma no útero, os médicos a desencorajaram. A chance de novos miomas surgirem era grande, e a de fertilização, reduzida. Ela e o companheiro conformaram-se. Até que em 2000, aos 39 anos, ela recebeu a notícia: estava grávida, o tratamento hormonal a que se submetera dera resultado. Em 5 de maio de 2001 nasceu Fernanda, uma criança especial. Hoje, após 12 anos e muitas batalhas, Valdete pode sentir a maternidade em toda sua plenitude. Durante a fase pré-natal, as ultrassonografias e os demais exames não apontaram quaisquer anomalias no feto. A gestação seguiu tranquila, com Valdete fazendo o caminho de casa, em Suzano, até o trabalho, em Mogi das Cruzes, por transporte público, até 15 dias antes de dar à luz. Logo nas primeiras 72 horas de vida de Fernanda, o primeiro alerta: a menina sofria de um problema intestinal. Por falta de células nervosas no intestino grosso, os nutrientes não eram aproveitados pelo organismo. Uma transferência de urgência para o Hospital das Clínicas, em São Paulo, foi necessária. O custo: R$ 8 mil. Um exame de cariótipo (que analisa a quantidade e a estrutura dos cromossomos) foi solicitado. A pequena Fernanda necessitava de uma cirurgia de colostomia, mas estava fora do peso seguro para tanto. O procedimento foi feito no mês seguinte, e a alta veio dois meses depois. “Apesar da distância entre minha casa e o HC, não houve um dia em que eu não estivesse perto dela”, lembra. O resultado do exame cariótipo demonstrou: Fernanda tinha Síndrome de Down. “Assim que peguei a Fernanda no colo, imediatamente reconheci alguns traços da síndrome”, conta Valdete. Mãe de primeira viagem, ela procurou um instituto especializado no tratamento de pacientes colostomizados, em Santos. Lá, aprendeu tudo o que era necessário para cuidar do problema da filha. Um ano depois, Fernanda retornou à sala de cirurgia, então para retirada completa do intestino grosso. “Por conta dessa extração, os médicos disseram que ela seria uma criança magra demais. Passei a consultar diversos especialistas em alimentação e aos poucos consegui fazê-la ganhar peso. Os médicos ficaram impressionados quando a viram meses depois. Eles me perguntavam qual era meu segredo. Eu respondia que era amor e dedicação”, lembra Valdete.


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