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Revista da CAASP - - - - Edição 08

a redemocratização, em 1984, e seguiu mudando com a Constituição de 1988, o plebiscito de 1993, o Plano Real de 1994, ou seja, o Brasil começou a mudar há 30 anos. Dezembro 2013 / Revista da CAASP // 9 Ao falar em 10 anos, ele estaria partidarizando? Exatamente. Ele partidarizou, pois situou as transformações como conquistas apenas do atual governo (referindo-se aos governos Lula e Dilma). Eu discordo. Eu acho que o atual governo é parte das transformações. É inegável que existam conquistas neste governo – distribuição de renda, correção de injustiças sociais históricas –, mas isso é parte de um processo que os brasileiros estão conquistando desde o fim do regime militar, quando escolhemos construir o Brasil pela via democrática. Qual sua opinião sobre biografias não autorizadas, que estão gerando tanta polêmica neste momento? Eu sou a favor de todo tipo de biografia, até da biografia “chapa branca”- acho que não tem nada de errado em o biógrafo combinar com o biografado uma versão da sua história. Eu sou contra a censura. Não concordo quando se engessa a história só com a biografia “chapa branca”. Portanto, eu sou a favor também de biografias não autorizadas, porque isso tem a ver com o direito fundamental de uma sociedade democrática, que é o direito à informação e à liberdade de expressão, que inclui a liberdade de imprensa. As pessoas estão confundindo direitos e cenários. Quando se fala em direito à privacidade, isso não significa censura, porque a lei brasileira já protege adequadamente a imagem da pessoa. A lei brasileira já prevê punições rigorosas contra calúnia, injúria, difamação. Agora, se a justiça é rápida ou não, se funciona ou não, é outra coisa. O fato é que lei brasileira já trata adequadamente da proteção da imagem da pessoa. O que me incomoda é tentar restringir um direito maior, que é o direito à informação e à liberdade de expressão, com a desculpa de salvaguardar o direito à privacidade. Esse tipo de prevenção pode acabar com o jornalismo. Imagine se os jornalistas que estão denunciando os casos de corrupção da Prefeitura de São Paulo (caso dos auditores fiscais, na administração do prefeito Gilberto Kassab) tivessem que pedir autorização aos fiscais! Nada se publicaria. Está nos escritos de Thomas Jefferson: “Eu sei que a imprensa é perigosa, que a imprensa comporta um grau de intromissão na vida das pessoas, mas eu prefiro ter uma imprensa livre”. Então, correr esse risco faz parte do encanto da democracia.


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