PALAVRA DO PRESIDENTE \\ 6 // Revista da CAASP / Dezembro 2013 Em respeito à História “Quero muito pouco: apenas a restauração do habeas corpus, a extinção dos atos institucionais e o fim das torturas no DOI-Codi, quanto mais não seja para que Vossa Excelência não entre na história como um ditador sanguinário, mas sim como o presidente da abertura lenta, gradual e segura.” As palavras acima foram ditas por um advogado, à época presidente do Conselho Federal da OAB. Seu interlocutor era um general, então a ocupar a Presidência da República do Brasil. Falamos de Raymundo Faoro e Ernesto Geisel, figuras tão díspares quanto importantes. O ano era 1977. Convidado por Geisel a colaborar com o processo de distensão política que se iniciava, o autor de “Os Donos do Poder” fez jus ao histórico de coragem da advocacia brasileira. A contundência de Faoro face a face com o ditador é apenas um entre os incontáveis exemplos de participação política dos advogados em favor da democracia no Brasil. Desde tempos imemoriais tem sido assim, como veremos enfatizado na entrevista concedida pelo escritor Laurentino Gomes à Revista da CAASP, publicada nesta edição. Acreditávamos que a Constituição de 1988, alcunhada “Constituição Cidadã”, trazia em seu Artigo 133 não apenas a garantia de que a justiça, para ser de fato aplicada, não prescindiria da presença do advogado, mas também homenageava a classe profissional de Raymundo Faoro, Ruy Barbosa, Sobral Pinto e tantos outros. Talvez tenhamos nos enganado. O desrespeito à figura do advogado é persistente, não bastasse a incessante luta da OAB e de suas Seccionais para que o referido preceito constitucional seja cumprido. O Brasil de hoje, por certo
Revista da CAASP - - - - Edição 08
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