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Revista da CAASP - - - - Edição 08

Dezembro 2013 / Revista da CAASP // 49 Quando cumprir a lei é crime Clássico filme de tribunal, “Julgamento em Nuremberg”, de Stanley Kramer, produção de 1961 que rendeu o Oscar de melhor ator a Maximilian Schell pelo papel do advogado, contou com outros astros de primeira grandeza: Burt Lancaster, Spencer Tracy, Richard Widmark, Marlene Dietrich, Montgomery Clift, Judy Garland. O filme retrata o julgamento de quatro juízes alemães e traz à baila a questão da legitimidade das leis em contraposição à consciência moral. Diferentemente de outros réus nazistas que se defenderam alegando cumprir ordens, aqui os juízes transformados em réus defenderam-se alegando cumprir as leis – as leis do Terceiro Reich. As sentenças que proferiram como magistrados teriam sido legais sob a legislação nazista. Porém o resultado de suas decisões implicava atos moralmente inaceitáveis; por isso foram julgados. No Palácio de Justiça de Nuremberg deram-se os julgamentos do Tribunal Militar Internacional de Nuremberg, corte composta por juízes dos quatro principais países aliados: Estados Unidos, Inglaterra, França e União Soviética. Os promotores eram dos países vencedores e os advogados eram alemães, escolhidos pelos réus e pagos pelo tribunal. Em uma sucessão de processos subsequentes, muitas dezenas de réus foram levados à corte nos anos imediatamente após a guerra. Não apenas líderes militares foram julgados e condenados, como também médicos, banqueiros, empresários, juízes (como retratado no filme de Stanley Kramer) e outros. Poucos foram absolvidos, mas houve absolvições. Os condenados receberam penas de morte, prisão perpétua, prisão por 20 anos e prisão por 10 anos. As penas de morte foram executadas. As penas de prisão, pelo que se verifica no filme de Kramer, não foram integralmente cumpridas. A obra de Stanley Kramer é marcante tanto pelas interpretações – além de Schell, Tracy e Clift têm atuações inesquecíveis – quando pelos movimentos de câmera do diretor, que circundam a sala do tribunal entre travellings e zoons acentuados. A apurada técnica de filmagem de Kramer confere movimento a um ambiente estático, e prende o espectador a um clima que se alterna entre a dúvida, a indignação e a surpresa.Schell e Widmark: defesa e acusação em Nuremberg (Luiz Barros)


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