EENNTTRREEVVIISSTTAA \\ Mas o PT, depois que foi governo pela primeira vez, conseguiu reeleger-se duas vezes, e se a eleição fosse hoje, como mostram todas as pesquisas, venceria novamente. A que isso se deve? É que o PT topou um desafio que ninguém tinha topado antes: tentar corrigir passivos históricos. Fernando Henrique começou com distribuição de renda e coisas assim, mas o PT aprofundou isso e está colhendo os benefícios. Se você olhar por uma certa perspectiva, isso pode ser um novo tipo de coronelismo, de “voto de cabresto”, mas, de outra perspectiva, é uma tentativa de corrigir passivos históricos. Agora, a economia parou de crescer, a infraestrutura está estrangulada, as cidades estão se tornando inabitáveis, a segurança pública está absolutamente comprometida. Então, pode ser que o modelo não se sustente por muito tempo, e as pessoas vão começar a procurar alternativas. Os navegantes da web leem muito pouco. A internet colabora com a literatura ou rivaliza com ela? Acho que tem colaborado. Não podemos confundir o futuro do livro com o futuro do papel. O formato em papel está em crise, no mundo todo, sejam livros, jornais ou revistas. A maneira como nós empacotamos informação, cultura e entretenimento nos últimos 500 anos, desde Gutemberg, está em crise, está mudando pelas novas tecnologias digitais, mas eu diria que nunca tantas pessoas se informaram tanto quando nesta era digital. A maneira como nós estamos nos relacionando com a informação está mudando. Há de tudo na internet, de coisas absolutamente banais, como pessoas que dizem no twitter “acordei, está um lindo dia de sol”, até blogs de literatura, blogs de discussão de projetos científicos, de colaboração entre pesquisadores de diversos países. Está na web a Biblioteca Mindlin, que foi para a USP toda digitalizada. Se você quiser pesquisar na Biblioteca Mindlin, você pesquisa pela internet. Então, não existe uma só internet. Nunca se compartilhou tanto conhecimento, inclusive literatura. Mas, se você olhar só na “casca”, só nas redes sociais, é tudo muito bobo. Eu diria que a grande massa vai ficar na banalidade, como sempre ficou na TV aberta em programas como o do Ratinho e o do Datena, e uma parte mais estudiosa, mais intelectualizada, vai procurar o conteúdo mais denso, mais profundo, que também está disponível ao clique do mouse. 22 // Revista da CAASP / Dezembro 2013
Revista da CAASP - - - - Edição 08
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