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Revista da CAASP -- Edição 06

\\ Maximilian Schell, o advogado, e Burt Lancaster, o réu, no clássico de tribunal “Julgamento em Nuremberg” 56 // Revista da CAASP / Agosto 2013 São temas recorrentes: os dilemas dos que servem à justiça; as transgressões dos ritos legais que se cometem em nome da justiça; o heroísmo dos que abraçam causas perdidas ou defendem quem todas as provas incriminam; as relações ambíguas entre defensores e réus que juram uma inocência em que não cabe certeza acreditar (Anatomia de um Crime, de Otto Preminger; Testemunha de Acusação, de Billy Wilder); os dilemas dos jurados quanto ao veredicto (12 Homens e uma Sentença, de Sidney Lumet); a justeza ou a iniquidade das penas capitais (A Sangue Frio, de Richard Brooks, este baseado no livro de Truman Capote); o medo e a insegurança das testemunhas; perseguições judiciais motivadas por questões políticas (Sacco e Vanzetti, de Giuliano Montaldo); o idealismo dos jovens advogados e o pragmatismo que os mais velhos lhes cobram; o advogado de pequena banca que defende os humildes contra milionárias organizações. Com estes temas, e outros do mesmo naipe, os cineastas constroem o pano de fundo desses filmes, para não falar de verdadeiros épicos judiciais que trataram de temas sociais e políticos de grande monta (Julgamento em Nuremberg, de Stanley Kramer). Em geral o cinema é otimista com o Direito: a justiça ao final triunfa – mesmo que com distorções, pois na linguagem dramatúrgica e ficcional a precisão dos procedimentos jurídicos e a fidelidade aos acontecimentos não são requisitos nem sequer das histórias baseadas em fatos reais. Na pior das hipóteses, quando a crítica em nada poupa o sistema, sempre haverá um herói em cujo coração pulsa um forte sentimento de justiça – e nele se deposita a esperança pela redenção dos costumes. Por vezes, no entanto, a mística do happy end é abandonada e a justiça não se faz: o cinema narra histórias de criminosos que burlam todo o sistema judicial, inclusive seus advogados, para usufruir esperta liberdade, ou para, inversamente, serem justiçados por pacatos cidadãos que, transformando-se a si próprios em braços privados e ilegais da justiça, atuam onde o Estado falhou. (Luiz Barros) Para assistir O Segredo dos Seus Olhos, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2010, é uma produção hispano-argentina dirigida por Juan José Campanello e estrelada por Ricardo Darín, o maior astro argentino da atualidade. Trata-se da história de um investigador judicial aposentado que resolve escrever um livro sobre um brutal assassinato ocorrido 25 antes e sobre o qual ainda pairam mistérios irresolvidos. Narrada em sucessivos flash-backs e avanços no enredo, a trama retomada em diferentes épocas mostra a história do crime e dos personagens com surpreendentes reviravoltas, algumas condicionadas aos cambiantes regimes políticos da Argentina. E, sim, mostra também a paixão dos argentinos pelo futebol, uma chave para desvendar o crime. Disponível nas locadoras.


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