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Revista da CAASP -- Edição 06

locomover sozinho, ainda que devagar e com muito cuidado, e já se faz entender por meio de algumas poucas palavras. Ele próprio avalia seu avanço: “Muito bom”, e logo engata a falar sobre a meta que se impôs: dois anos para superar todas as sequelas e voltar a advogar. “Falta um ano”, destaca, a meio caminho andado. // Teatro é tratamento complementar A vida de Alfredo de Araújo Borba poderia ter seguido por muitos caminhos. Quando jovem recebeu propostas para ser jogador de futebol em clubes como São Paulo e Portuguesa. Poderia também ter enveredado pelas artes cênicas – na escola, encenou adaptações de clássicos como “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto. Mas, ao término do período escolar, optou pelo Direito, formando-se advogado em 1982, pela Universidade Mackenzie. Não demorou muito para que conseguisse a Carteira da Ordem. Com a mesma velocidade a carreira deslanchou. O advogado chegou a ser vice-presidente (1989-1990) da 102ª Subseção da OAB-SP, em Santo Amaro. Posteriormente, assumiu o cargo de presidente interino da subseção (1990-1991). Anos depois, já sofrendo com as sequelas dos AVCs, o teatro voltou à sua vida. Em 2011, as filhas o levaram para conhecer o trabalho da companhia de teatro Ser em Cena, uma instituição sem fins lucrativos cujo principal objetivo é reabilitar portadores de afasia, um distúrbio no processo de comunicação oral, escrita ou gestual, e de outros distúrbios de comunicação, promovendo sua reintegração na sociedade por meio da arte dramática. Desde então, toda quarta-feira, das 14h às 16h, Alfredo vai às aulas de teatro, que se transformaram em muito mais que momentos de lazer: tornaram-se um tratamento complementar. No Ser em Cena, são realizadas atividades com a orientação e o acompanhamento de profissionais de gabarito em fonoaudiologia, psicologia, pscicomotrocidade e arte dramática. “Ir aos ensaios do teatro é a hora de diversão tanto para mim quanto pra ele. Lá, todos estão no mesmo barco, enfrentam as dificuldades e se ajudam mutuamente. Quando saímos de lá nos sentimos mais leves”, conta Denise. Alfredo corrobora: “Eu me sinto muito feliz”. Todo o trabalho de Alfredo terá sua consagração ao fim deste ano quando, junto com os demais integrantes da companhia, se apresentará no palco do Teatro Frei Caneca, na capital, para apresentar a peça “A noite do Baile”, que tem a dramaturgia inspirada nos bailes das décadas de 30 e 40. Alfredo não esconde que, graças ao teatro, voltou a ser uma pessoa ativa. Mas ele faz questão de lembrar qual é seu maior desejo e principal meta: voltar a advogar. “Falta apenas um ano”, reitera. Agosto 2013 / Revista da CAASP // 51


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