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Revista da CAASP -- Edição 06

Novo Maracanã: bem mais caro que o previsto Agosto 2013 / Revista da CAASP // 31 sobrepreço de US$ 220 milhões na obra, cujo custo final foi de US$ 730 milhões, conforme cálculo da Associação Sul-Africana de Governos Locais. No país africano, 15 empreiteiras aceitaram pagar multas de US$ 147 milhões para livrarem-se de processos na Justiça, acusadas de fraudarem projetos executados entre 2006 e 2011, entre os quais estão vários relacionados com a Copa do Mundo. “Estima-se que a África do Sul teve um prejuízo de US$ 3,5 bilhões com a Copa de 2010, e que a Fifa teve um lucro de US$ 3,5 bilhões. Aqui vai ser mais ou menos a mesma coisa”, prevê Juca Kfouri. Doze empreiteiras estão encarregadas de construção e reforma dos estádios brasileiros que abrigarão as partidas da Copa 2014: Andrade Gutierrez, Andrade Mendonça, Construcap, Egesa, Engevix, Hap, Mendes Júnior, OAS, Odebrecht, Queiróz Galvão, Santa Bárbara e Via Engenharia. “Quem deve prestar contas do dinheiro público é o gestor público. O empresário vai tentar lucrar o máximo que puder. Mas, se houver investigação e for comprovada fraude, todos devem pagar”, adverte Romário. “Não podemos esquecer de que as empreiteiras são as grandes financiadoras das campanhas políticas”, alerta Kfouri. Risco de superfaturamento, pagamento de propinas e condutas do gênero, coisas que ocupam diuturnamente o noticiário nacional, parecem ser justamente o que atrai a Fifa. “Por que a última Copa foi na África do Sul, a próxima é no Brasil e as seguintes serão na Rússia e no Qatar? Porque são democracias ainda incipientes, países que têm pouca fiscalização social e enorme corrupção”, destaca Juca Kfouri. E vai além: “A Inglaterra foi candidata a sediar a Copa de 2018, e perdeu para a Rússia. Sabe por quê? Porque a Inglaterra tem condições de realizar a Copa amanhã, em Londres, sem precisar construir um estádio ou uma estação de metrô sequer. Então, a Inglaterra não interessa”. Em um programa de TV, o ministro Aldo Rebelo tentou dizer que o Brasil estaria imune a tais desvirtuamentos. Estas foram as palavras dele: “A Controladoria Geral da União mantém o Portal da Transparência, está lá cada despesa do Ministério em relação à Copa, para que os custos e as despesas possam ser acompanhadas por qualquer cidadão do Brasil e do mundo”. A outra Copa possível “A Fifa tem virtudes, transformou o futebol num esporte universal. O futebol traz a projeção daquilo que a sociedade considera o ideal, onde as regras são simples, valem para todos, e os méritos e as virtudes valem para todos.” A análise foi feita pelo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, ao jornal Folha de S. Paulo, no último dia 9 de julho.


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