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Revista da CAASP - Edição 05

mas o álcool é responsável por cerca de 40 % dos casos”. A cirrose faz com que o fígado deixe de desempenhar suas funções normais, como produzir a bile (um agente emulsificador de gorduras), auxiliar na manutenção dos níveis normais de açúcar no sangue, produzir proteínas, metabolizar o colesterol, o próprio álcool e alguns medicamentos. Para sanar os efeitos do álcool sobre o fígado é necessário, antes de tudo, parar de beber. Boa parte dos casos exige medicação e, em níveis avançados, transplante de fígado. Abandonar o vício, contudo, não é tarefa fácil. O alcoolismo é uma doença e o dependente precisa ser corretamente identificado. Para caracterizar a dependência algumas evidências devem ser observadas: a carreira de uso, evolução de usuário experimentador para bebedor frequente e incontrolável; a presença de síndrome de abstinência, momento em que a falta da droga provoca mal-estar e desconforto profundo no individuo; a deterioração das relações familiares, sociais e de trabalho; e o surgimento de doenças graves relacionadas ao consumo de álcool. O tratamento é mais complexo. É preciso desintoxicar e “treinar” o paciente. “O acompanhamento é multidisciplinar e deve envolver médico, assistente social, enfermeiro, psicólogo e terapeuta ocupacional. É fundamental a participação da família, que nunca pode estar fora do processo quando de uma doença crônica, pois a taxa de recaída no primeiro ano de tratamento é alta - em torno de 50%”, explica a psiquiatra Ana Cecília Marques. É fundamental que o paciente persista no tratamento. Grupo de ajuda funciona como tratamento complementar Junho 2013 / Revista da CAASP // 39 Poucos são os programas que ajudam os alcoolistas a se livrarem do vício e assim permanecerem. “Aqui, um gari se enxerga no depoimento de um gerente de multinacional e vice-versa. Essa troca de experiências é capaz de provocar a mudança do comportamento e a inserção dos dependentes na sociedade longe da bebida”, explica Sílvio, coordenador de Mídias dos Alcoólicos Anônimos (os integrantes do AA preferem ser identificados apenas pelo primeiro nome). Criado há 78 anos, o grupo atua em 180 países, congregando homens e mulheres de diferentes idades e estratos sociais que compartilham o desejo comum de abandonar o álcool.


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