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Revista da CAASP - Edição 05

SAÚDE \\ O programa de recuperação concebido pelos Alcoólicos Anônimos baseia-se em 12 passos que levam do descontrole alcoólico para a sobriedade. Para tanto, realizam-se reuniões periódicas de grupos específicos. Apenas os dependentes participam desses encontros. “Durante as reuniões, os membros falam coisas que jamais falariam para o psiquiatra, tamanha a confiança nos demais”, relata Sílvio, que está desde 1979 no AA. Ele completa: “Tudo o que se fala para o grupo permanece no grupo”. É característico da irmandade o sigilo absoluto quanto à identidade dos participantes. Para se tornar membro do AA a única exigência é a vontade de largar a bebida. Não há mensalidade, tampouco se informam endereço, profissão, classe social, ideologia política ou crença religiosa. Voluntariamente, os membros costumam fazer doações à entidade depois de recuperados. “Quando o dependente vem ao AA por vontade própria, sua chance de recuperação é de 3%. Quando vem influenciado por outra pessoa, um familiar ou um médico, o percentual sobe cerca de 10%. Essa diferença reflete o medo de perder a saúde, o emprego, a família”, observa Sílvio. Os endereços dos Alcoólicos Anônimos estão em www.alcoolicosanonimos.org.br. Informações podem ser adquiridas pelo plantão 24h de atendimento, pelo telefone (11) 3315-9333. // Um vício de 29 anos “Desde que entrei para os Alcoólicos Anônimos, estou correndo atrás do prejuízo que me causei”, relata Luiz, que bebeu durante 29 anos. Sóbrio há 17, hoje ele ajuda outros dependentes e tem muitas histórias a contar. Na década de 1960 a bebida da moda era a Cuba Libre. Preparada à base de rum, refrigerante de cola e limão, fazia-se presente em quase que todas as festas da juventude. “Nem sempre se bebia pelo sabor da bebida, mas pela sensação de bem-estar e liberdade que ela causava. Naqueles tempos de ditadura militar quase nada era permitido. Então, muitos jovens, como eu, encontravam a liberdade na bebida”, lembra. Luiz concluiu o curso de contabilidade mas não seguiu a carreira. O álcool era seu lazer e distração, mesmo quando em horário de trabalho. “Trabalhava na organização de grandes feiras de vendas, em São Paulo. As empresas convidadas ofereciam recepções recheadas de canapés e bebidas aos clientes. Era um convite ao gol”, conta. 40 // Revista da CAASP / Junho 2013


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