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Revista da CAASP - Edição 05

EENNTTRREEVVIISSTTAA \\ como jornalista, insatisfeito com as informações oficiais, insatisfeito com a máquina policial, com o engatinhar dos promotores, com a ausência olímpica do Judiciário. Na residência de um amigo que foi diretor da Casa de Detenção, consegui reunir vários diretores de presídios de segurança máxima e dei a eles uma verdadeira pauta jornalística. Eu precisava saber os bastidores de dentro da cadeia, o “molho”. Estavam presentes diretores dos presídios de Presidente Venceslau, Presidente Bernardes, Taubaté, Tremembé, Penitenciária do Estado. E esses diretores foram bons repórteres. Eu não vou responder à sua pergunta com dados e relatórios - aliás, eu sou cético quanto a esse tipo de coisa, eu sou cético em relação ao burocrata. Então, eu fui pegar nas fontes de dentro. Onde está o Marcola? Como é a vida dele lá? Quem se aproxima dele? Eu fui verificando tudo isso - a namorada, a mulher, seu segundo, sua hierarquia, suas relações. Descobri toda sua genealogia, que era Marcos e cheirava cola, daí o apelido... fui indo até chegar ao ponto maior. E conto isso no livro. Sobre o PCC, eu constatei infiltração na polícia, condescendência no sistema penitenciário, acesso direto ao gabinete do secretário de Administração Penitenciária, domínio de certas situações em estabelecimentos penais. E o que faz o Governo do Estado contra o PCC? Parece cruzar os braços, e quando faz isso está coonestando. Então, são vistos certos presos em presídios diferenciados, em situação melhor, tendo acesso a visitas mais diretamente. O Marcola pôde se casar e ser pai de gêmeos sem que ninguém ficasse sabendo. Hoje, o PCC montou franquias do crime em vários lugares: franquia de exploração de lotações, franquia de entrega de botijões de gás, franquia do desvio de cabos de televisão, franquia do tráfico de drogas, franquia do delivery da droga. O PCC já ultrapassou as fronteiras paulistas, está no Mato Grosso, está no Paraguai. Já fiz matérias sobre a conexão do PCC com o Comando Vermelho, no Rio de Janeiro. 20 // Revista da CAASP / Junho 2013 “O PCC tem infiltração na polícia”


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