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EENNTTRREEVVIISSTTAA \\ Essa fixação no aspecto monetário, na taxa de juros, por exemplo, não é mais da parte da imprensa? É dos economistas. Na verdade, os economistas contribuíram fortemente para a crise de 2008. Eles vieram atrás dos fatos. O setor financeiro inventou fórmulas que supostamente reduziriam o risco. Isso, supostamente, permitiu uma alavancagem muito maior. Como eles conseguiram isso? Destruindo as condições de controle do sistema financeiro que haviam sido construídas nos anos 30, à época do Roosevelt (Franklin Delano Roosevelt, presidente dos Estados Unidos). Inventaram a teoria de que os mercados eram perfeitos. Com Milton Friedman, da Escola de Chicago, à frente, correto? O Friedman era um pedaço disso, mas teve influência no mundo todo - na Tatcher (Margareth Tatcher, primeira-ministra britânica), por exemplo. Mas aquilo – a pregação do mercado infalível – veio para justificar a patifaria do incesto entre o sistema financeiro e o poder incumbente. Começou tudo lá com o Reagan (Ronald Regan, presidente dos Estados Unidos) e veio destruindo aqueles controles todos até chegar à crise de 2008. A crise de 2008 reproduz a crise de 1929. Não teve a mesma profundidade porque agiu-se de forma diferente. Se você ler o Relatório Pécora, sobre a crise de 1929, verá que o sistema financeiro de então cometeu os mesmos crimes e abusos de agora. A crise de 2008 fez renascer o keynesianismo? Keynes (John Maynard Keynes, economista britânico) nunca morreu. O problema é que uma parte dos economistas foi cooptada para dar suporte supostamente científico a uma patifaria produzida por um incesto entre o setor financeiro e o poder incumbente. E o Brasil nessa história? O Brasil é um país fantástico. O Brasil está num processo de revolução e as pessoas ainda não entenderam isso. O Brasil é o único país do mundo em que há 12 ou 15 índices de preço, publicados toda semana. É o único país do mundo em que o Banco Central publica previsões do sistema financeiro e as chancela com seu carimbo toda semana. Nós gostamos do samba – tanto é verdade que o sistema mais sofisticado utilizado pelo Banco Central se chama Samba (sigla para o termo inglês Stochastic Analytical Model with a Bayesian Approach), o que demonstra que o Banco Central é muito mais sutil do que parece (risos). 30 // Revista da CAASP / Abril 2013


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