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Revista da CAASP - Edição 03

“FHC posa de moralista. Não gosto dele” Fevereiro 2013 / Revista da CAASP // 23 Como o senhor avalia a atuação do advogado Márcio Thomaz Bastos como ministro da Justiça do governo Lula? Um criminalista não pode perder certas qualificações, a primeira delas é o respeito pela defesa, o respeito pelo réu. Márcio implantou o primeiro RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) no país, em Catanduvas, no Paraná. Ele também permitiu a invasão de escritórios de advocacia. Eu nunca achei Márcio Thomaz Bastos uma criatura absolutamente autêntica. Ele sempre teve uma personalidade meio cinzenta – o que pode não ser defeito. O fato de eu dizer que uma pessoa tem personalidade cinzenta no exercício de uma profissão não significa que ele seja defeituoso, às vezes pode ser uma qualidade. Há advogados criminais que são sinuosos e obtêm resultados bons para seus clientes. Mas o fato de Márcio Thomaz Bastos ter sido presidente da OAB não o comprometeria mais com a classe do que outro advogado no cargo de ministro da Justiça? Ele não foi presidente da OAB por desejo meu. Eu não tive força para evitar que ele o fosse. Miguel Reale Júnior, que não é meu amigo, foi ministro da Justiça durante pouco tempo. José Carlos Dias foi ministro da Justiça também durante pouco tempo. Nenhum dos dois conseguiu proteger o nariz do cheiro daquilo e nenhum dos dois precisou dizer por que foi embora. Nesse sentido, o Márcio é um exemplo de sobrevivência, é um homem qualificado. No governo Lula, Márcio Thomaz Bastos foi Maquiavel. Ou Richelieu. Enfim, creio que Márcio é uma pessoa bem provida intelectual e culturalmente no sentido de comunhão social, de resultados bem pretendidos, e que tem o defeito de não brigar comigo. E como o senhor avalia a atuação do advogado José Eduardo Martins Cardozo no ministério da Justiça da presidente Dilma Rousseff? Eu não vejo onde o José Eduardo, que é advogado na origem, tenha assumido uma posição favorável à preservação das prerrogativas da advocacia. Se você procurar entre os 730 mil advogados que o Brasil tem hoje, não há ninguém falando bem dele no sentido de auxiliar na resistência do cidadão contra o Estado. Ele está apenas ocupando um lugar. Só. Mesmo porque se ele se comportasse de forma diferente não estaria mais lá. Como ele se oporia à Polícia Federal em favor do direito de defesa?


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