Saúde mental: mais que um aliado, esporte é indispensável

Por Paulo Henrique Arantes

Em 8 agosto 2022


 

 

O estresse praticamente inevitável a quem exerce a advocacia foi potencializado pela pandemia de Covid-19 e suas implicações - dificuldades no trabalho, temor de adoecer ou de perder um ente querido, angústia pelo isolamento, dependência de tecnologia. A retomada da normalidade revela pessoas que ainda carregam na mente o enorme peso dessa experiência inusitada. Aumentam os casos de ansiedade e depressão.

 

A Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo prepara a edição 2022 da Campanha de Saúde de Saúde Mental, que começa em setembro e cujos detalhes operacionais serão informados em breve. Mas a CAASP cuida da saúde psicológica da advocacia de modo ininterrupto, sem que muitos advogados e advogadas deem-se conta disso, por meio do esporte.

 

Além dos campeonatos tradicionais de futebol, tênis, vôlei, xadrez, surfe e outras modalidades, como ciclismo e corrida, que juntos congregam mais de 10 mil advogados e advogadas desportistas, a CAASP lançou durante a pandemia, e mantém com crescimento constante do número de participantes, opções de atividade física a serem feitas em casa, com monitoramento on-line, como ioga e treino funcional. Neste momento, 1.297 advogados e advogadas estão inscritos nas aulas de ioga propiciadas pela entidade. No treino funcional, são 953 os inscritos.

 

A Virtual Run, em que o advogado e a advogada correm ou pedalam quando e onde bem entendem monitorados por aplicativo, acaba de abrir inscrições para a nova etapa do seu segundo circuito e, em menos de uma semana, já há 518 adesões.

 

“O estímulo à prática esportiva não está no foco da CAASP apenas para proporcionar entretenimento e lazer aos colegas de todo o Estado, mas, também e principalmente, para lhes dar meios adicionais de cuidar da saúde mental, algo com que a advocacia precisa se preocupar constantemente”, afirma o vice-presidente da CAASP, Domingos Stocco, responsável pela área de saúde da entidade.

 

Segundo o diretor Edivaldo Mendes da Silva, o Barão, que responde pelo Departamento de Esportes e Lazer da CAASP, “o empenho da nossa equipe para a realização de eventos esportivos - tanto os tradicionais quanto as novas modalidades - é diuturno. Por meio do esporte, estamos levando saúde física e mental aos advogados e às advogadas de todo o Estado”.

 

A presidente da Caixa de Assistência, Adriana Galvão, ressalta que o processo de modernização da entidade inclui a saúde mental como foco prioritário e o esporte como aliado indispensável nesse campo: “Não poderia ser diferente, pois o benefício que a prática esportiva propicia à saúde psicológica é notório e, como hoje enfatiza a ciência, insubstituível”.

 

Não é novidade que atividades físicas contribuem para o bem-estar físico e mental, mas seus efeitos psicológicos e mesmo sociais não são conhecidos de todos. Hoje é consenso médico-científico que o esporte melhora a capacidade cognitiva e diminui os níveis de ansiedade e estresse, aumenta a autoestima e, para os praticantes de modalidades coletivas, estimula a socialização.

 

Há uma relação direta entre atividade física e relaxamento, segundo especialistas. Algumas pessoas relaxam ocupando-se de grandes atividades motoras, como corridas ou exercícios intensos, enquanto outras preferem exercícios respiratórios e relaxamento progressivo para aliviar o estresse - o efeito é sensível logo no curto prazo. Além de liberar endorfinas no cérebro, a atividade física ajuda a descontrair os músculos e aliviar a tensão. Com o corpo menos tenso, a mente passa a se sentir melhor.

 

O exercício físico mostra-se importante adjutórilo no combate às depressões leves e moderadas. A atividade física proporciona a distração dos estímulos estressores, além de dar ao praticante maior controle sobre o corpo e a vida. Há também fatores biológicos relacionados ao efeito da endorfina, uma substância gerada pelo exercício e que pode reduzir a sensação de dor ou produzir estado de bem-estar.

 

Eis um trecho de artigo sobre o tema publicado recentemente no Jornal do Campus, veículo da Universidade de São Paulo:

 

A prática esportiva faz com que organismo libere dois hormônios essenciais para o tratamento da doença: a endorfina, também conhecida popularmente como “hormônio da alegria”, que produz sensação de prazer e euforia, e a dopamina, responsável por promover efeitos analgésicos e tranquilizantes. 

 

 

Estudos também mostram que atividade física estimula o crescimento de células nervosas no hipocampo, região do cérebro que responsável pela memória e pelo humor. Além disso, exercícios ao ar livre também promovem a produção da serotonina, um importante neurotransmissor atuante na regulação do humor e da temperatura corporal.  Esse conjunto de fatores faz com que o esporte tenha propriedades antidepressivas que, aliadas aos medicamentos e outros tratamentos convencionais, tendem a otimizar os procedimentos de cura e prevenção.

 

 

Mas as propriedades antidepressivas do esporte não se resumem apenas a liberação de hormônios. Além da parte química, a atividade física oferece oportunidades de envolvimento social, aumenta a qualidade de vida e a autoestima, e promove uma mudança no hábito cotidiano do doente, fator fundamental no combate à doença.


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