com leucemia que tem uma cirurgia
de transplante de medula negada
pela seguradora. Ao contrário,
completa-a (como recurso narrativo,
compreenda-se).
Quando o jovem morre, Baylor
revolta-se: “Numa sociedade cheia
de médicos brilhantes e de alta
tecnologia, é desumano deixar um
jovem morrer assim”. Shifflet, por
sua vez, comemora: “Agora temos
uma causa de morte injustificada.
Vale bilhões!”.
A contenda jurídica de Baylor e
Shifflet contra os advogados “a mil dólares
a hora” da Great Benefit é absolutamente
realista. Liderada pelo arrogante mas
competente Leo F. Drummond (John Voight),
a equipe que defende a seguradora oferece
acordos, usa seu poder econômico como
forma de pressão, mostra extremo domínio
das regras processuais, mas sucumbe
(aqui, um chavão dos filmes de tribunal)
diante do depoimento e de documentos
apresentados por uma testemunha que
tentava fazer desaparecer de cena. Fica
demonstrado ao júri que a Great Benefit
tinha como regra a negação inicial de todos
os pedidos extraordinários de cobertura
de seus segurados, jogando com a alta
probabilidade de o cliente não processá-la.
Com insuportável ar de superioridade,
o presidente da seguradora (Roy Scheider)
alega: “Temos apenas algumas normas
internas para evitar pedidos descabidos”.
Soou cínico, como de fato era. Já
estava evidente para o júri – e para o juiz
REVISTA DA CAASP 55
interpretado por Danny Glover (ótimo como
magistrado humanista) – que a bilionária
empresa era uma entre tantas adeptas
da mercantilização da saúde, um tipo de
corporação que sobrepõe seus lucros à
vida humana sem a menor cerimônia.
O homem que fazia chover traz ainda
uma história de amor paralela, entrelaçada
com outra causa defendida pelo idealista
Rudy Baylor. Trata-se de uma jovem (Claire
Danes) que leva surras do marido e por
quem o advogado apaixona-se, depois de
apiedar-se dela. Há cenas fortes e bem
filmadas nesse flanco da fita, mas que
quebram o ritmo da história central.
O poder econômico é o vilão de O
homem que fazia chover. E estará enganado
quem achar que, mesmo condenado, ele
será derrotado. | (PHA)
CINEMA
Coppola: uma boa história, sem grandes nuances.
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